Título: Fabricantes de caminhões e transportadores creem em recuperação
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2009, Brasil, p. A4
As vendas de caminhões neste primeiro semestre só não foram mais fracas que as de implementos rodoviários. Mas com o pacote anunciado ontem pelo governo federal, que incluiu a prorrogação da isenção de IPI, juros menores e prazos de financiamentos mais longos, parte da queda de quase 23% registrada até maio deverá ser amenizada durante a segunda metade do ano. Ontem, após a divulgação do plano, executivos das áreas de transportes e automobilística já previam que a combinação da ausência de IPI e melhores condições para financiamentos terá impacto positivo sobre a venda de caminhões no país.
"O governo federal quebrou um paradigma de equalização de taxas de juros", disse Marco Antonio Saltini, diretor de assuntos governamentais e institucionais da Volkswagen Caminhões e Ônibus, ao ressaltar que as medidas têm grandes chances de surtir efeito pelo fato de estarem relacionadas ao valor do financiamento e, por consequência, ao preço final do equipamento.
No mesmo sentido, o presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Flávio Benatti, afirmou que, na visão do setor, tudo o que é feito para melhorar as condições de financiamento é sempre positivo.
Conforme o plano do BNDES, os custos finais das linhas de financiamento para o setor - Procaminhoneiro e Finame - caíram, respectivamente, 67% e 32%. Além disso, no caso do Procaminhoneiro, mais voltado à pessoa física, micros e pequenos empresários, o prazo foi alongado de 84 para 96 meses, e o financiamento para veículos usados estendido para a frota com até 15 anos de uso, quase o dobro da idade estabelecida anteriormente, que era de 8 anos.
Por outro lado, na opinião dos executivos, para voltar ao cenário pré-crise, quando as filas de espera por um caminhão novo chegavam a seis meses, é preciso uma retomada mais vigorosa da economia. "O ritmo de produção industrial e agrícola do país, no primeiro semestre, foram abaixo da média do ano passado, o que fez os transportadores adiarem os investimentos", disse Benatti. Por ora, segundo ele, é possível falar em retomada pontual de alguns segmentos, mas não ao ponto de ser um ciclo virtuoso. "Acreditamos que a situação deve melhorar no segundo semestre", acrescentou.
Apostando nessa melhoria e surpreso com o pacote do governo federal, Adilson Santos, diretor de novos negócios da TGA Logística, afirmou que no plano de expansão da empresa, orçado em US$ 1 milhão, o foco era o aumento do número de motoristas agregados, mas agora, com a melhoria das condições de compra, existe a possibilidade de a TGA optar por veículos próprios nas entregas em áreas urbanas.