Título: Sarney dá mais poder ao DEM em busca de cumplicidade
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2009, Política, p. A11
Acuado por denúncias de prática de irregularidades, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu ontem apoio aos 80 senadores e reforçou o poder concedido ao DEM no comando da Casa, para garantir sua sustentação política e manutenção no cargo. O DEM fará hoje reunião para avaliar o apoio ao presidente do Senado. A pressão pela renúncia de Sarney aumentou e o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), pediu o afastamento do pemedebista do cargo.
Virgílio apresentou uma denúncia no Conselho de Ética do Senado contra Sarney. A comissão decidirá se acolherá ou não a denúncia. Caso seja aceita, o presidente do Senado poderá ser afastado do cargo. Hoje o P-Sol também apresentará denúncia contra Sarney e Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente da Casa.
O líder do PSDB discursou por mais de três horas no plenário contra Sarney e disparou críticas também ao líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros, e ao ex-diretor-geral Agaciel Maia. Virgílio disse que não se calará até que Sarney seja substituído. O líder tucano defendeu-se de denúncias por ter pago indevidamente um assessor com recursos do Senado e por ter se beneficiado com favores de Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado.
Hoje o PSDB se reunirá para definir qual postura manterá em relação ao pemedebista. Derrotado na disputa com Sarney pela presidência, Tião Viana (PT-AC) apresentou nova denúncia contra Agaciel Maia, ex-diretor-geral da Casa ligado a Sarney. Ele disse que Maia ofereceu recursos a ele, "a fundo perdido". Segundo a assessoria do petista, ele "prontamente recusou a oferta". Maia não se pronunciou.
O DEM, assim como o PT e o PSDB, reunem hoje suas bancadas para definir posição sobre a crise do Senado. O DEM define se continuará a apoiar o presidente do Senado. Sarney teme perder o apoio dos senadores do DEM. O partido, junto com o PTB e PMDB, sustenta o pemedebista na Casa.
Com receio de que seu desgaste político se amplie, Sarney enviou carta aos senadores defendendo seu neto José Adriano Cordeiro Sarney, acusado de intermediar empréstimos de crédito consignado entre instituições financeiras e funcionários do Senado. Segundo Sarney, a empresa Sarcris, da qual José Adriano Sarney é sócio, começou a operar quando o pemedebista não estava na presidência.
Sarney pediu à Polícia Federal que investigue todos os empréstimos consignados no Senado e as empresas que os operam. A carta, segundo seus auxiliares, foi um aceno ao DEM, para que o partido continue ao seu lado. Para garantir o aliado, Sarney deu plenos poderes ao partido, por meio do primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).
Ontem, Fortes divulgou o afastamento de mais três diretores ligados ao ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia. Foram afastados o diretor de Patrimônio, Aloysio Novaes Teixeira, o diretor da Secretaria de Controle Interno, Shalon Granato e o diretor da Secretaria de Coordenação Executiva, Sebastião Fernandes Neto. O senador do DEM deve afastar outros diretores ligados a Agaciel, como o diretor da gráfica do Senado. Na semana passada, Heráclito indicou Haroldo Tajra para substituir Alexandre Gazineo na diretoria-geral e Doris Peixoto no lugar de Ralph Siqueira na direção de Recursos Humanos.