Título: 'Conselhão' debaterá ampliação do CMN
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2005, Especial, p. A14

A discussão sobre a ampliação de três para nove do número de integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) foi iniciada formalmente ontem, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão consultivo da Presidência da República. Além dos ministros da Fazenda e do Planejamento e do presidente do Banco Central, a idéia é fazer com que também tenham assento no CMN os ministros do Desenvolvimento (MDIC) e da Ciência e Tecnologia (MCT). Mais do que garantir presença mais diversificada do governo, o objetivo também é integrar mais três representantes da sociedade, com "notório conhecimento da área", indicados por confederações empresariais, centrais sindicais e associações de pós-graduados em economia. Moção nesse sentido foi levada ontem ao plenário do CDES por Sonia Fleury, cientista política e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio. Assina também a proposta José Cezar Castanhar, da FGV. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não tocou no assunto ontem em sua exposição no Conselho. Os membros do Conselho criaram um grupo de trabalho para analisar a sugestão. No próximo dia 15, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lançam uma campanha pela ampliação do CMN. As entidades defendem que apenas com uma ampla participação será possível garantir o crescimento econômico sustentável, com geração de empregos e incentivo à produção. Na justificativa da moção, Sonia e Castanhar argumentam que a restrita composição do CMN, a partir de 1994, foi marcada pela necessidade de superar o passado de descontrole inflacionário. Como essa etapa já foi vencida, é necessário uma transição para um modelo no qual "as metas de inflação são um referencial a ser compatibilizado com as metas do desenvolvimento e do pleno emprego , a partir da análise dos impactos das metas monetárias sobre as prioridades econômicas, sociais e políticas do governo". A proposta prevê a adoção de um novo modelo de governança macroeconômica, caracterizado pela flexibilidade das metas, transparência nas decisões e na escolha dos instrumentos e adequada prestação de contas. (AG)