Título: Afastamento do Opportunity abre espaço para solução na BrT
Autor: Catherine Vieira, Heloisa Magalhães e Talita Morei
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2005, Empresas &, p. B1

As ações da Brasil Telecom (BrT) dispararam ontem com o fim da parceria entre o Citigroup e o Opportunity. A avaliação de investidores e analistas é de que o rompimento marca o início de uma solução para o conflito entre os sócios da operadora. Os papéis com direito a voto (ordinários) da holding Brasil Telecom Participações subiram 21,7% e fecharam cotados a R$ 28,60. Foi a maior alta do dia entre as ações que compõem o índice Ibovespa. O volume negociado foi recorde: as ações ordinárias movimentaram R$ 45,7 milhões, ante uma média diária de R$ 3,4 milhões. As ações preferenciais da holding também acompanharam o movimento. Terminaram a quinta-feira valendo R$ 19,95, com alta de 11,76%. No dia, o valor de mercado da BrT Participações subiu de R$ 8,4 bilhões para R$ 10,2 bilhões. "É o começo do fim do conflito", resumiu o analista Roger Oey, do banco Banif. A expectativa é de que o Citigroup assuma a gestão da companhia e coloque o controle acionário à venda nos próximos meses. É pouco provável que o banco queira manter em carteira o ativo, que já detém há sete anos, observa Maurcio Fernandes, da Merrill Lynch. A Telecom Italia, acionista da BrT em litígio com o Opportunity, é a mais provável compradora. Segundo fonte envolvida no processo, as negociações entre os italianos e o banco americano estão em fase adiantada. A avaliação de analistas é de que as ações da Brasil Telecom manterão a trajetória de alta nas próximas semanas, se o Opportunity realmente ficar fora da gestão da companhia. "Qualquer sinalização nesse sentido é positiva para a Brasil Telecom", diz a analista Luciana Leocádio, da BES Securities. A destituição do Opportunity, se não for revertida, deverá detonar uma série de mudanças na gestão da operadora. A mais óbvia é a troca nos cargos-chave. A presidente da BrT, Carla Cico, foi nomeada pela equipe de Dantas. É improvável, agora, que a Brasil Telecom dispute o controle da Telemig Celular e da Tele Norte Celular. As empresas de telefonia móvel foram colocadas à venda na sexta-feira pelo Opportunity, à revelia dos demais acionistas - Citigroup e fundos de pensão. A BrT era apontada como a favorita à aquisição das celulares. Circulavam rumores de que , com o dinheiro levantado, Dantas compraria a parte da Telecom Italia na BrT. Ao assumir o comando do CVC, o Citigroup terá a gestão de empresas que têm, juntas, patrimônio líquido perto de R$ 10 bilhões e receita de R$ 12 bilhões em 2004. Desse total, só a BrT contribuiu com faturamento de R$ 9 bilhões no ano passado. Nada disso, porém, deve acontecer de imediato. Antes de ceder lugar ao Citigroup, o Opportunity provavelmente levará a disputa para a Justiça. O Opportunity ainda mantém participação na complexa estrutura da BrT e uma cláusula do acordo de acionistas firmado com os fundos pode reverter sua destituição. Caso a hipótese de venda da operadora para a Telecom Italia seja concretizada, a dúvida entre investidores é se haverá direito de "tag along" para os acionistas minoritários. Os italianos já são acionistas da BrT. Fernandes, da Merrill Lynch, acha que sim. "A Telecom Italia hoje é minoritária", ressalta.