Título: Confins passa a receber vôos nacionais
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2005, Empresas &, p. B10
Praticamente deserto por mais de duas décadas, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, mais conhecido como Aeroporto de Confins, vai finalmente ganhar movimento de aeronaves e passageiros. A partir de domingo, os vôos interestaduais serão transferidos da Pampulha para Confins, que fica a cerca de 40 quilômetros do centro da capital mineira. Serão 120 vôos diários decolando ou aterrissando em novo endereço. A transferência dos vôos foi a forma encontrada para tornar viável a operação do aeroporto cuja construção, no início da década de 80, exigiu investimento de US$ 500 milhões. Construído com o que havia de mais moderno na ocasião, Confins foi inaugurado em 1984 e até hoje é considerado um dos melhores do país. Mas nunca atingiu níveis significativos de operação. Em 2004, o volume de passageiros foi de 380 mil pessoas. No mesmo período, Pampulha transportou 3,1 milhões de passageiros. A primeira tentativa para aumentar a ocupação em Confins ocorreu em 2001, com uma legislação federal autorizando sua transformação em aeroporto industrial, uma espécie de zona franca para indústrias que importam componentes e exportam produtos manufaturados. Além de Confins, Galeão (RJ), São José dos Campos (SP) e Petrolina (PE) também foram incluídas na legislação federal para atrair indústrias para o entorno dos aeroportos. O projeto, no entanto, não decolou. "Nenhuma empresa queria se instalar em Confins porque não havia como embarcar os produtos por lá, não havia vôos", explicou o diretor comercial da Infraero, Fernando Brendália. "Sem levar os vôos para Confins, não adiantava ter legislação, não conseguiríamos colocar em prática o aeroporto industrial." Cerca de 70% da carga movimentada no país por via área segue nos vôos de passageiros. Com a transferência das linhas, Brendália acredita que será possível atrair pelo menos três indústrias para o entorno de Confins já este ano. Segundo ele, há empresas com estudos avançados de viabilidade econômica para transferir suas unidades de produção para aeroportos industriais. Uma delas é a H.Stern, que estuda a instalação em Confins ou no Galeão. O movimento da Infraero, em parceria com o governo de Minas, para garantir a ocupação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves já conquistou pelo menos uma empresa, a companhia aérea Gol. Ela está construindo em Confins um centro de manutenção para atender sua própria frota e também prestar serviços a terceiros. A novidade não está agradando aos mineiros que reclamam da distância e da dificuldade de acesso ao aeroporto. "É uma questão de costume", diz o superintende do aeroporto de Confins, Cláudio Salviano. O governo estadual tem planos viários para melhorar o fluxo de veículos da cidade para Confins, mas levará tempo para que sejam realidade. Provisoriamente, será mantido três vôos diários partindo de Belo Horizonte para São Paulo, para Rio de Janeiro e e para Brasília saindo da Pampulha. De acordo com a Infraero, o aeroporto da Pampulha continuará em operação com vôos da capital para as cidades do interior de Minas.