Título: Laboratórios vão investir US$ 314 mi no Brasil em 2005
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2005, Empresas &, p. B11

A indústria farmacêutica prevê investimentos de US$ 313,8 milhões em 2005, segundo um levantamento inédito realizado pela Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). A maior parcela - cerca de dois terços - deve ser destinada à modernização do parque industrial. O presidente da entidade, Ciro Mortella, avalia que os investimentos do setor não devem ser aplicados na expansão de sua capacidade de produção, mas sim na adequação das instalações industriais para receber novos produtos. É a primeira vez que a Febrafarma realiza com seus associados uma previsão de investimentos para o ano. Embora não tenha os números exatos aplicados pela indústria no ano passado, Mortella estima que o volume previsto para este ano é substancialmente maior. Ele calcula que os investimentos teriam somado US$ 200 milhões em 2004. Mortella avalia que a retomada da demanda com a recuperação da renda, a estabilidade cambial e o fato de o governo "não acrescentar nenhuma dose a mais nas incertezas" do setor contribuem para o crescimento no volume de investimentos. Do Plano Real até a desvalorização cambial, a indústria investiu, segundo estimativas, cerca de US$ 2 bilhões, principalmente na expansão da capacidade de produção. Mas, por conta da redução nas vendas, o volume de investimentos teria caído substancialmente nos últimos anos. O trabalho mostrou também uma proximidade no volume de investimentos previstos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e marketing neste ano. As empresas informaram que pretendem investir US$ 35,7 milhões em atividades relacionadas ao marketing de produtos farmacêuticos, enquanto a intenção de investir em P&D chega a US$ 32,5 milhões. Mortella diz que a maioria dos investimentos em P&D deve ser destinada às pesquisas para o descobrimento de novas aplicações para uma droga já existente no mercado além de estudos clínicos para testar a segurança e eficácia de medicamentos em fase de desenvolvimento. Ele disse que a indústria, por outro lado, também investirá mais em marketing para entrar em mercados onde existe competição. Os investimentos em novos produtos, segundo o levantamento, devem somar mais US$ 19 milhões enquanto outras aplicações ficarão com o restante US$ 19,2 milhões. A pesquisa da Febrafarma ouviu uma centena de laboratórios nacionais e estrangeiros que abrange cerca de 70% do mercado farmacêutico brasileiro e foi divulgada ontem em seminário que discute a Política Nacional de Medicamentos, em São Paulo. Em 2004, a indústria farmacêutica interrompeu uma trajetória de queda nas vendas que se mantinha por sete anos. De acordo com dados da Febrafarma, o setor vendeu 10% a mais, totalizando 1,65 bilhão de unidades. O volume ainda é inferior, contudo, ao resultado de 1997, quando a indústria vendeu 1,85 bilhão de caixas. Em termos nominais, as vendas da indústria farmacêutica foram de R$ 19,9 bilhões (US$ 6,7 bilhões) em 2004. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria farmacêutica teve um crescimento de 15% em sua produção em janeiro, o melhor desempenho entre outros setores. Mortella avalia que uma demanda mais forte de recuperação de vendas, associado a um movimento de formação de estoques antes do reajuste anual de preços, previsto para o fim deste mês, acabou por resultar no desempenho. A Febrafarma calcula que as vendas da indústria crescerão entre 5% e 6% neste ano.