Título: Lessa e Darc Costa vão coordenar o programa do PMDB para 2006
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2005, Política, p. A6
Quatro meses após o afastamento da presidência do BNDES, o economista Carlos Lessa fez ontem duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Lessa foi convidado pelo presidente nacional do PMDB, Michel Temer, para coordenar o programa de governo que será apresentado pelo futuro candidato do partido, nas eleições presidenciais de 2006. Lessa afirmou que irá apoiar o candidato escolhido pela convenção nacional do partido mas admitiu que Garotinho poderia ser um bom nome. "O PMDB tem muitos bons nomes, obviamente o Garotinho é um deles". O programa, que segundo Lessa seguirá uma linha "populista, nacionalista e trabalhista", também contará com a ajuda do ex-vice-presidente do BNDES Darc Costa em sua fase de elaboração. De acordo com Lessa, o governo Lula tem errado ao dar prioridade aos interesses dos investidores em detrimento do povo brasileiro. "O nosso programa tem que ser populista, olhando para o povo. Não tem que estar preocupado com o patrimônio dos especuladores financeiros e sim com o emprego dos pais de família", disse, depois de participar da cerimônia de lançamento do livro do ex-governador do Estado do Rio Anthony Garotinho, sobre a revitalização da indústria naval. A geração de emprego, uma das principais bandeiras do governo Lula, está sendo conduzida de forma equivocada, na avaliação de Lessa. Segundo ele, enquanto o Banco Central não reduzir as taxas de juros, o que impulsionará novos investimentos no país, "não será possível gerar emprego, no Brasil". "O governo Lula está mal na questão da geração de emprego. E eu não estou falando nada demais. Os Fernandos dos anos 90 também estiveram mal. Os juros têm que cair", afirmou Lessa. Questionado se o termo populista não teria uma conotação negativa, Lessa respondeu: "Se você está com sua mãe doente, não tem dinheiro para comprar um remédio e vai a uma farmácia do povo, onde compra um remédio a R$ 1, isso não é populismo. É compromisso social", disse, referindo-se ao programa Farmácia Popular, da governadora Rosinha Matheus. O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, admitiu que Lessa poderá concorrer às próximas eleições para o governo do Estado. "Lessa é sempre lembrado, assim como o senador Sérgio Cabral. E Garotinho é lembrado para a Presidência da República", afirmou. Garotinho, por sua vez, mais uma vez afirmou que ainda não é candidato à Presidência: "Eu não sou candidato, pelo menos por enquanto".