Título: Pressão renovada sobre Aécio
Autor: Aranha, Patrícia
Fonte: Correio Braziliense, 03/03/2010, Política, p. 3

Resultados desfavoráveis das pesquisas eleitorais fazem com que tucanos e outros oposicionistas voltem a insistir para que o governador opte pela corrida presidencial

Nem a cúpula tucana tem a dimensão exata do que pode sair do potencial encontro entre Aécio Neves e José Serra previsto para hoje

A decisão do PSDB sobre a candidatura presidencial está na cabeça dos principais protagonistas: os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra. Nem mesmo a cúpula tucana sabe avaliar o efeito da pressão que tem exercido sobre ambos, já que eles aumentaram a reserva sobre o conteúdo das conversas, que têm sido diárias. Os auxiliares mais próximos evitam arriscar um palpite(1) sobre a chapa que a legenda apresentará ao Planalto. Serra ainda é o nome mais cotado para encabeçá-la, mas a possibilidade de ele desistir e abraçar a candidatura à reeleição ao governo de São Paulo, diante da tendência de queda apontada pelas últimas pesquisas de intenção de voto, é considerada uma hipótese cada vez mais plausível. Se Aécio aceitaria substituí-lo como o candidato principal ou o socorreria, aceitando compor como candidato a vice-presidente, ainda é uma incógnita, até mesmo em Minas. Tucanos e aliados torcem para um sinal de que a novela está próxima do fim seja dado em jantar dos dois governadores hoje no Palácio das Mangabeiras.

Apesar de as assessorias dos governadores não confirmarem o encontro, líderes do PSDB davam como certo ontem que eles estarão frente a frente esta noite, o que possibilitará fechar os entendimentos para que o anúncio seja feito amanhã, durante as comemorações do centenário do ex-presidente Tancredo Neves, avô de Aécio, cujo nome batiza a Cidade Administrativa que será inaugurada com a presença do vice-presidente José Alencar, ministros, governadores e do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), cotado para ser candidato a vice numa eventual chapa encabeçada por Aécio. Alguns líderes do PSDB aguardavam ontem a confirmação da presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no jantar, o que reforçaria as suspeitas de uma declaração pública.

O presidente do diretório mineiro do PSDB, deputado federal Nárcio Rodrigues, define o jantar como uma ¿conversa reservada de irmãos¿ e evita falar sobre a possibilidade de Aécio substituir Serra como candidato a presidente. Para ele, até a pressão feita pela cúpula tucana e por partidos aliados para que o governador mineiro aceite compor uma chapa puro sangue, como candidato a vice-presidente, é equivocada. ¿Primeiro temos que ter um candidato a presidente, para depois falarmos da composição da chapa. Qualquer movimento tem que ser feito da parte do Serra. Só nos resta esperar¿, disse.

Novela Já o secretário-geral do PSDB, deputado federal Rodrigo de Castro (MG), não acredita que o desenlace da novela tucana aconteça hoje. ¿Há muita especulação e nenhuma sinalização¿, diz, confirmando que Aécio e Serra tem se mantido ¿fechados¿ em relação ao assunto. Do lado de Serra, o deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), dá como certo que o governador será o candidato a presidente. ¿Ele será o candidato, só que não precisa anunciar agora, quando tem 30 dias para fazê-lo. Mesmo dentro do partido, o que mais tem é fofoca. O nome dele está firme e forte e sua candidatura será anunciada no momento adequado. Não agora¿, garante.

1 - Costura experiente O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR) joga no time dos que tentam desfazer a impressão de Fla-Flu no embate entre Serra e Aécio. Para ele, o importante é lembrar que os dois são importantes e habilidosos articuladores. ¿Os mais apaixonados torcem por um ou por outro, mas o partido quer mesmo é uma composição que possa alterar os resultados da pesquisa. A demora na definição abre margem para qualquer tipo de especulação, o que não contribui¿, avalia.

Cobrança da dobradinha A oposição pressiona o governador Aécio Neves (PSDB) para que ele aceite ser o candidato a vice-presidente na chapa do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ontem, a direção nacional do PPS se reuniu em Brasília e decidiu assinar um manifesto de apoio à dobradinha. A ideia partiu do presidente do PPS, o ex-deputado federal Roberto Freire (PE), um dos principais aliados de Serra. ¿A chapa Serra-Aécio é a preferida de 10 entre 10 integrantes da oposição. Os dois representam os melhores quadros e não faz sentido ficarmos pensando em plano B se temos um excelente plano A¿, afirmou Freire.

Qualquer movimento tem que ser feito da parte do Serra. Só nos resta esperar¿

Nárcio Rodrigues, presidente do diretório mineiro do PSDB