Título: Conselho da Copel autoriza captação de R$ 1 bi no mercado
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2005, Empresas &, p. B8

O conselho de administração da Copel autorizou a companhia de energia a fazer captação de até R$ 1 bilhão, quantia já negociada com o Banco do Brasil, que está coordenando a 3ª emissão de debêntures simples. O pedido para aprovação da primeira parcela, no valor de R$ 400 milhões, será protocolado hoje na CVM. Os outros R$ 600 milhões poderão resultar, no futuro, em mais papéis ou empréstimos, e os recursos deverão ser usados tanto para bancar investimentos em novas usinas como no alongamento da dívida, que em setembro somava R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 600 milhões de curto prazo. Além do Banco do Brasil, Bradesco, HSBC, Itaú, Santander e Unibanco participarão da emissão, que tem garantia firme e cujo valor quitará eurobônus de US$ 150 milhões que vencem em maio. A remuneração não foi divulgada. "A empresa ficará com uma reserva que poderá ser usada quando houver necessidade ou surgir uma oportunidade de empréstimo que melhore o perfil da dívida", disse o presidente, Rubens Ghilardi. Uma das opções, segundo o executivo, seria a recompra, em 2007, de metade das debêntures que serão emitidas, com prazo de dois anos e mais quatro anos para amortização. Ainda sobraria dinheiro para o pagamento dos papéis lançados em 2002. Dos R$ 500 milhões colocados no mercado naquele ano, R$ 100 milhões foram recomprados em 2004 e R$ 100 milhões foram repactuados no mês passado. Ou seja, restaram R$ 400 milhões com vencimento também em 2007. Ghilardi informou que, ao contrário do que aconteceu em 2004, quando não houve interessados na repactuação dos papéis da companhia, neste ano todos os credores aceitaram a proposta, e com remuneração menor - era CDI mais 1,75% e baixou para CDI mais 1,5%. Em junho a Aneel deve autorizar mais um reajuste para a empresa, que em fevereiro repassou 5% dos 14,43% autorizados há nove meses. O restante é oferecido como desconto aos consumidores em dia. Ghilardi informou que, pelos cálculos da empresa, a agência deve autorizar um reajuste de 7% a 8%. E que só voltará a negociar o repasse com o governador Roberto Requião (PMDB), que representa o acionista controlador, quando o índice for definido. "Como temos saldo de 2004, vou conversar para minimizar o efeito passado e ficar com efeito futuro. Assim teremos cada vez menos percentuais a repassar", disse. Seguindo outra orientação de Requião, Ghilardi disse que a Copel deverá participar das licitações de quatro das 17 novas usinas em estudo pela Aneel. "Como a Copel só pode se associar sendo majoritária, é preciso ter respaldo financeiro para bancar os investimentos", disse. As quatro estão previstas para o Paraná. Nos próximos meses a companhia pretende finalizar as negociações para aquisição da UEG Araucária, usina que tem como sócias a Petrobras e a El Paso. A Copel está negociando com a Petrobras a dívida de R$ 400 milhões pelo transporte e fornecimento de gás - que não chegou a ser usado porque a usina nunca funcionou. A Copel queria perdão da dívida, mas não conseguiu. Só depois de negociar a dívida a empresa fará uma oferta para a El Paso. "Não importa quanto ela custou, mas quanto vale hoje", disse o executivo.