Título: Itamaraty não descarta voltar à OMC contra a Bombardier
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2005, Empresas &, p. B8

O governo brasileiro não descarta a possibilidade de voltar à Organização Mundial do Comércio (OMC) na disputa travada contra o Canadá, durante seis anos, pelo mercado de aviação regional. Após dois dias de negociações em Washington, na semana passada, diplomatas canadenses e do Itamaraty não conseguiram superar as divergências que impedem o fechamento de um acordo bilateral para dar mais transparência aos mecanismos de apoio oficial para as concorrentes Embraer e Bombardier. A hipótese de um novo duelo foi aventada na sexta-feira por Henrique Rzezinski, vice-presidente da fabricante brasileira. A falta de um acordo entre os dois países, que vem sendo negociado há três anos, abre margem para contestações em Genebra, sede da OMC. O clima de suspeição aumenta à medida que se aproxima a reunião do conselho da Bombardier, agendada para hoje, em que a companhia poderá aprovar um plano de US$ 2 bilhões para o desenvolvimento de uma nova linha de jatos. Com capacidade para 110 a 135 passageiros, os novos modelos entrariam em concorrência direta com a família mais recente de aeronaves da Embraer, os ERJ-190 e 195. O Itamaraty não vê problema na competição nesse nicho do mercado, mas teme que o governo do Canadá incentive o projeto dos novos aviões da Bombardier. "O fato de estarmos discutindo um acordo não exclui a possibilidade de questionamentos na OMC", afirma o coordenador de contenciosos do Ministério das Relações Exteriores, Roberto Azevedo. "As conversações em andamento têm o propósito de evitar o litígio, mas não há compromisso de nenhum dos lados de não pedir esclarecimentos", disse Azevedo.