Título: Europa e EUA são os próximos alvos da Santista
Autor: Gleise de Castro
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2005, Valor Especial, p. F2

Depois de ter consolidado suas operações na Argentina e no Chile, crescer na Europa e nos Estados Unidos é o objetivo da Santista Têxtil. Para atingir a primeira meta, o presidente da fabricante têxtil, Herbert Schmid, está montando um escritório comercial em Madri. Com uma base na região e mais próxima de seus clientes, entre eles a rede varejista espanhola Zara, a empresa quer elevar a participação das exportações da Europa, que representam hoje 18% dos embarques, em sua receita. O que poderia levar o Velho Continente a dobrar sua participação nas exportações da têxtil. O outro alvo é quadruplicar a participação no mercado têxtil americano, do qual hoje a Santista detém 1%. Para vender seu produto nos Estados Unidos, proximidade do cliente e tarifas baixas são requisitos fundamentais. Por isso, a empresa pode comprar ou se associar a uma fabricante têxtil na América Central, Colômbia ou México. Essas alternativas de locais em que a empresa poderá injetar US$ 100 milhões estão em aberto ainda, à espera de definições de acordos comerciais em negociação. O alvo preferencial é a América Central, que poderá, até junho, acertar um acordo de livre comércio (Cafta) com os Estados Unidos e Caribe. Acertado e com uma empresa na região, os produtos fabricados ali, ao chegarem ao mercado americano, seriam isentos de tarifas. No Brasil, as tarifas estão em 17%. Caso não dê certo, Colômbia e México são outras alternativas em estudo pela empresa, cuja nova unidade no exterior poderia fabricar anualmente 25 mil metros de denim, tecido usado para jeans. A maior internacionalização da empresa ocorre em um ano histórico para o setor têxtil. Desde o primeiro dia de 2005 não há mais cotas no segmento. Grandes exportadores, como a China e Índia, que têm custo de mão-de-obra mais baixo, devem se aproveitar dessa situação e abocanhar uma fatia ainda maior do mercado mundial. Portanto, competitividade, tarifas baixas e menores custos logísticos são fundamentais nessa concorrência. Principalmente porque o tamanho do mercado norte-americano é gigantesco: a demanda por calças jeans nos Estados Unidos chega a 600 milhões unidades por ano, pouco mais que o triplo do Brasil. Hoje cerca de metade da receita da empresa, que no ano passado ultrapassou R$ 1 bilhão, vem do exterior, ou das exportações de suas unidades instaladas no Brasil ou das subsidiárias na Argentina e no Chile. Com uma unidade a mais no exterior, esse percentual seria facilmente ultrapassado. O primeiro passo rumo à internacionalização foi dado em 1995, na Argentina, com a compra da Grafa. Quatro anos depois, a Santista fincou seu pé no Chile.