Título: Índia e Rússia estão na rota da Marcopolo
Autor: Gleise de Castro
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2005, Valor Especial, p. F5

Com pouco espaço para crescer no Brasil, onde já detém quase metade da produção local de carrocerias de ônibus, a Marcopolo, maior fabricante nacional do setor, aposta suas fichas no mercado externo para continuar se expandindo. Agora, cinco anos depois da implantação das duas últimas unidades industriais no exterior, na Colômbia e na África do Sul, 2005 deve ser um período de definições sobre um novo ciclo de internacionalização da empresa, que já está estudando a instalação de três novas fábricas fora do país, desta vez na Índia, na Rússia e também na China. No total, além das três plantas no Brasil (duas em Caxias do Sul -- onde fica a matriz - e uma no Rio de Janeiro), a Marcopolo tem cinco fábricas no exterior, incluindo as de Portugal, do México e da Argentina, que está paralisada desde 2001 em função da crise econômica que atingiu o país vizinho à época. Na China, mantém um contrato de transferência de tecnologia para a Iveco, assinado em 2001 e que expira no ano que vem. Mesmo com o câmbio desvalorizado consumindo hoje parte da rentabilidade das exportações e das operações no exterior, a idéia original da Marcopolo é colocar pelo menos as unidades da Índia e da Rússia em operação dentro de dois anos, possivelmente mediante a formação de joint ventures com fabricantes locais de chassis. Seriam fábricas similares à do México, que tem capacidade instalada para produzir até 4 mil ônibus por ano, informou recentemente ao Valor o diretor de relações com investidores da companhia, Carlos Zignani. No caso do mercado chinês, o prazo para a instalação de uma planta está em avaliação. A nova ofensiva da empresa gaúcha no mercado externo encontra sustentação numa experiência acumulada há quase 15 anos. A primeira fábrica da Marcopolo fora do Brasil começou a operar em 1991 em Portugal. A segunda foi aberta em 1998, na Argentina. No ano seguinte foi a vez da planta mexicana e em 2000 a das fábricas da Colômbia e da África do Sul. Nos últimos dez anos, de 1995 a 2004, a participação das exportações a partir do Brasil e das vendas das controladas no exterior mais que dobrou, passando de 24,5% para 52,7% da receita líquida consolidada, que por sua vez saltou mais de cinco vezes no período, de R$ 290,7 milhões para R$ 1,605 bilhão. Ao mesmo tempo, a produção física passou de 5.074 para 15.938 ônibus e microônibus e o número de funcionários subiu de 3,2 mil para 10,5 mil, sendo 2,2 mil fora do país. Da produção física consolidada de 2004, 4.349 unidades, ou 27,3%, saíram das linhas de montagem das controladas da Marcopolo no exterior. No ano anterior, o volume produzido fora do Brasil havia sido de 3.680 unidades, o equivalente a 25,6% do total da empresa. Em janeiro, as exportações e as vendas das controladas no exterior cresceram 21,8% sobre o mesmo período de 2003, para R$ 77 milhões.