Título: CUT, empresários e economistas lançam campanha por novo CMN
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2005, Brasil, p. A4

Ato público organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entre outras entidades, lançou ontem, em São Paulo, uma campanha para pedir a reformulação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O movimento pela ampliação do CMN propõe que o conselho passe dos atuais três membros para nove, incluindo representantes da sociedade civil. O lançamento da campanha contou com a presença de líderes sindicais, empresariais e economistas. "É mais do que justo que nesse fórum, que define coisas tão importantes, haja a presença dos trabalhadores, dos empresários, daqueles que estão no dia a dia, que estão na rua, que estão sentindo na pele as dificuldades", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. O CMN define os objetivos e as diretrizes do sistema financeiro, que abrange as políticas monetária, tributária e cambial. Entre outras atribuições, o Conselho define as metas de inflação. Ele se sobrepõe ao Banco Central e ao Comitê de Política Monetária (Copom) - órgão do BC que se reúne mensalmente para discutir medidas da política monetária, entre as quais a taxa de juros básica da economia, a Selic, que tem sido a principal ferramenta de controle da inflação. Entidades como a CUT e a Fiesp têm questionado a meta de inflação anual definida pelo CMN e pedem a redução das altas taxas de juros adotadas pelo Copom, argumentando que elas freiam a produção nacional. A reunião mensal do Copom para nova definição da Selic será realizada hoje em Brasília. "A meta para inflação de 2005 é de 5,1% e a de 2006 é de 4,5%. Nada indica que nós temos condições de alcançar essas metas, a não ser que provoquemos recessão no país. E não parece que isso seja desejo de absolutamente ninguém com um mínimo de inteligência neste país. Portanto, essa é uma decisão de diretriz que me parece equivocada", disse o presidente da CUT, Luiz Marinho. "As decisões do Conselho Monetário Nacional hoje se pautam muito mais por análises que são produzidas no âmbito financeiro, ou seja, há um descolamento das avaliações do Conselho com a economia real", disse o presidente da CNI, Armando Monteiro. O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do CMN, disse que "não é razoável que o Conselho seja constituído por apenas dois ministros e um presidente do Banco Central, assim como seria um absurdo voltar a ter 26 representantes como era em 1987". Na sua opinião, a proposta de compor o Conselho com nove membros "é muito boa e seria importante que um dos membros indicados pelo presidente da República fosse o secretário-executivo do Conselho". Essa idéia, segundo ele, seguiria o mesmo princípio adotado nos Estados Unidos, onde o órgão é formado por conselheiros do presidente da República. Atualmente, o CMN é constituído por apenas três membros: o ministro da Fazenda, o do Planejamento e Gestão e o presidente do Banco Central. Mas sua composição tem mudado ao longo do tempo e ele já chegou a somar 27 membros.