Título: Onduline fabricará telhas sem amianto no Brasil
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2005, Empresas &, p. B8
Mais uma multinacional investe no Brasil com vistas ao banimento do amianto. Depois do grupo francês Saint-Gobain, agora é a também francesa Onduline está investindo R$ 42 milhões para inaugurar até o fim deste ano uma fábrica de telhas feitas de fibra vegetal em Juiz de Fora (MG). Será a 11ª unidade da companhia no mundo. Desde 2002, a companhia já tinha planos de se instalar no Brasil. Mas, por problemas nas negociações para a compra de terreno, o projeto atrasou. Agora, em meio à discussão sobre o banimento do amianto no país, a Onduline inicia a construção da fábrica com planos mais ambiciosos. "Mais dia menos dia, o amianto será proibido no país", diz Alvaro Bragança, diretor comercial da Onduline. A fábrica de Juiz de Fora terá capacidade para 500 mil toneladas de telhas por ano, mas essa produção só deve ser alcançada em 2008. O grupo francês terá uma capacidade de produção cerca de 18% inferior à da Eternit, maior empresa do setor. Por enquanto, a produção ficará em 250 mil toneladas. Segundo Bragança, a Onduline avalia ainda a construção de uma segunda fábrica no Brasil, na região Nordeste, para facilitar a distribuição e abrir espaço para que a unidade mineira exporte para o resto da América Latina. Desde 1997, as telhas da Onduline são importadas. Mas, segundo Bragança, desde 2001, a empresa notou um crescimento de mais de 10% ao ano nas vendas, o que levou a matriz a optar por nacionalizar a produção. O principal objetivo, diz o executivo, é baratear a produção e chegar mais próximo do preço das telhas de fibrocimento. Bragança afirma que a telha feita com fibra vegetal custará cerca de 10% mais do que os produtos de fibrocimento, e não mais 20% como ocorre com as importações atualmente. "Nosso maior concorrente é a cultura do amianto no Brasil", afirma o diretor comercial. A maior fabricante de telhas sem amianto do país é a também francesa Brasilit, do grupo Saint-Gobain. A empresa investiu R$ 100 milhões para substituir o amianto pelo fio de polipropileno na fabricação das telhas. Mas o custo de produção subiu quase 12% em relação à telha com amianto, um aumento que vem sendo absorvido pela Brasilit desde 2002 para que a empresa não perca mercado. A expectativa da Onduline é concorrer com a Brasilit quando os preços da concorrente voltarem a representar integralmente seus custos. Segundo Bragança, mesmo com um preço um pouco mais alto será possível concorrer com as fabricante que usam amianto. "Acredito que o consumo de amianto irá cair mesmo sem o banimento, por causa da conscientização dos compradores", afirma o diretor. As cores também serão usadas pela Onduline como apelo diferenciado para conquistar o consumidor. Enquanto as telhas de fibrocimento (com e sem amianto) são cinzas, a tecnologia usada pela Onduline permite o uso das cores vermelha, preta e verde. A origem da Onduline antecede o banimento do amianto na França, em 1996. A empresa foi fundada em 1944 por Gaston Gromier, que buscava uma cobertura leve, resistente e sem materiais poluentes. A combinação de fibra vegetais é guardada a sete chaves.