Título: Paranapanema ganha com estanho e cobre
Autor: Ivo Ribeiro e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2005, Empresas &, p. B1

A alta dos metais tirou a Paranapanema do vermelho em 2004 e impulsionou o projeto de retomada da exploração de cassiterita (minério do estanho) na mina de Pitinga, no Amazonas. Desde a época em que era uma "blue chip" no mercado de ações, na década de 80, a mineradora não via números tão promissores. A receita consolidada de vendas aumentou 50% até setembro, para R$ 1,8 bilhão, em relação ao mesmo período de 2003. O lucro líquido chegou a R$ 81 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 91 milhões de janeiro a setembro de 2003. São valores recordes puxados pelo avanço vertiginoso das cotações do cobre e do estanho na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês). O preço médio do cobre passou de US$ 1.779 por tonelada, em 2003, para US$ 2.840, no ano passado, uma alta de 60%. Já o estanho valorizou mais de 70%: a cotação média foi de US$ 4.895 por tonelada para US$ 8.510. "Foi um ano muito bom", diz Geraldo Haenel, presidente do grupo Paranapanema. Uma holding controlada pela Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Paranapanema é a maior produtora de estanho e cobre do país. Segundo Haenel, a alta de preços é especialmente benéfica para a divisão de estanho, que tem matéria-prima própria. No caso do cobre, o concentrado de minério é em grande parte importado, principalmente do Chile e do Peru, o que implica o pagamento de preços mais altos pelo insumo à medida que o termômetro da LME sobe para novos patamares. "As grandes ganhadoras são as minas", afirma Haenel. "Tivemos que gastar US$ 50 milhões a mais em capital de giro para pagar as importações." Ainda assim, as suas controladas Caraíba Metais, única produtora nacional de cobre primário, e Eluma, fabricante de produtos laminados de cobre, também registraram vendas recordes até setembro, numa feliz combinação de aumento de volumes e preços em disparada. A Caraíba, que aumentou a produção e a exportação, conseguiu repassar os aumentos da matéria-prima e obteve uma receita líquida 64% maior até setembro, de R$ 1,3 bilhão. A Eluma fechou com uma receita 40% maior, de R$ 321,8 milhões. Apesar de a divisão de cobre representar a maior parte das receitas do grupo, a grande aposta agora é na divisão de estanho, composta pelas empresas Mamoré e Taboca. Depois de anos de preços em baixa e concorrência acirrada do garimpo, a Paranapanema vê a chance de acelerar a produção na mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo (AM). A empresa negocia com o BNDES um projeto que possibilitará o aumento de 70% na produção para 12 mil toneladas por ano a partir de 2006, com investimentos de US$ 12 milhões. Apesar do salto, ainda faltaria um longo caminho até as 20 mil toneladas dos anos dourados em que o estanho tinha força suficiente para mexer com o Ibovespa.