Título: Cesbra vai duplicar produção de estanho
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2005, Empresas &, p. B5

A Cesbra, produtora de estanho controlada pelo grupo Brascan, tem planos de duplicar a produção de sua mina de cassiterita, em Itapuá do Oeste (RO), até 2007. Em 2005, a mina deverá produzir 1,5 mil toneladas de estanho metálico, volume que passará para 2,5 mil toneladas em 2006 e para 3 mil toneladas, em 2007. Com a expansão, 60% da produção devem ser vendidos na forma de estanho e 40% transformados em químicos e soldas nas unidades da Cesbra em Volta Redonda (RJ). Em 2000, 80% da produção da mina em Rondônia eram vendidos na forma de estanho. Hoje esse percentual já é de 50% a 60%. "A mina está mudando de perfil", diz Luiz Ricardo Renha, presidente em exercício da Cesbra e vice-presidente da Brascan. Até 2003, grande parte da produção da mina era baseada em rocha, cujas reservas se esgotaram. Agora 100% das reservas são em formato aluvionar, o que exige maiores investimentos para separar o mineral da terra. Entre 2004 e 2006, a Cesbra investirá R$ 12 milhões em equipamentos, como moinhos separadores, espirais e tubulações, dos quais 70% serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No total, as reservas medidas e aferidas da Cesbra alcançam 100 mil toneladas. A estratégia da empresa, que é verticalizada, inclui o desenvolvimento de produtos químicos e de soldas feitos sob medida para clientes em setores como farmacêutico, plástico, cerâmica, madeira, eletrônico e automotivo, entre outros. Ao transformar o estanho em produtos químicos e soldas, a Cesbra agrega valor à produção do metal, que viveu ciclo de alta no ano passado. Em 2004, a Cesbra deve ter faturado R$ 75 milhões, sendo 30% a 40% com exportações. Em 2005, o faturamento deve subir para R$ 95 milhões. Renha conta que para criar os produtos "customizados", a Cesbra conta com uma central de pesquisas, o Centro de Desenvolvimento de Aplicação de Químicos e Soldas, instalada em Volta Redonda. Inaugurado em dezembro com investimentos de R$ 2,5 milhões, o centro será importante no desenvolvimento de uma nova linha de produtos químicos intermediários a base de estanho. O centro também contou com financiamento do BNDES e tem apoio do International Tin Research Institute (ITRI), de Londres, na Inglaterra. "Esperamos ter quatro ou cinco produtos químicos intermediários novos em 2005 ou 2006", diz Renha. Segundo ele, cerca de metade da produção é vendida como estanho nos mercados interno e externo. Depois de retirado da mina em Itapuá do Oeste, o metal é levado para Ariquemes, a 80 quilômetros da área de mineração, para ser fundido e de lá segue, via rodoviária, em trajeto de mais de três mil quilômetros, até Volta Redonda. Um dos principais clientes no mercado interno é a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), que compra o metal na forma de ânodos, utilizando-o como insumo na produção de folhas de flandres (usado em embalagens). Os produtos químicos e soldas a base de estanho atendem os mercados interno e externo (EUA, Europa e Oceania). Na linha dos produtos químicos orgânicos, a Cesbra produz estabilizantes a base de estanho, usado em embalagens alimentícias e farmacêuticas. A empresa também fabrica TBTO, insumo a base de estanho usado na preservação de madeiras, e produtos intermediários. A linha de produtos químicos inorgânicos inclui óxido de estanho, usado na fabricação de cerâmicas de alto valor agregado; tetracloreto de estanho, para proteção de cítricos; ZHS, um supressor de fumaça aplicado em plásticos; Cesbra Fire, um anti-chamas; e o óxido de zinco, com utilização nas indústrias de cerâmica e farmacêutica.