Título: Clube de Paris estuda aliviar a dívida de países da Ásia
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2005, Internacional, p. A7

O Reino Unido propôs ontem uma moratória de parte da dívida externa dos países atingidos pelo maremoto que matou cerca de 150 mil pessoas no sul da Ásia. O secretário (ministro) da Fazenda britânico, Gordon Brown, levará a proposta, que já teria o apoio de França, Alemanha e EUA, à reunião do Clube de Paris (grupo de países ricos credores) no próximo dia 12. Ele disse ainda, sem elaborar, que anunciará detalhes de um "novo Plano Marshall para os países em desenvolvimento" nesta semana. "Precisamos agora de uma moratória dos pagamentos da dívida dos países afetados", disse Brown à BBC. "Eles devem o dinheiro a credores como nós." Mais tarde, ele afirmou à TV Sky News que os pagamentos das dívidas dos países afetados somariam aproximadamente US$ 3 bilhões neste ano. A Indonésia, país com maior número de mortos na tragédia (cerca de 100 mil), tem três acordos de renegociação da dívida em aberto com o Clube de Paris, firmados em 1998, 2000 e 2002, que cobrem US$ 15 bilhões, segundo o site do grupo. A dívida total da Indonésia com o Clube somava US$ 41,4 bilhões em janeiro de 2002. Os detalhes do plano só serão definidos, disse Brown, na reunião do dia 12. Ele previu que os US$ 2 bilhões em ajuda financeira que o mundo prometeu aos países atingidos pelo maremoto "aumentarão rapidamente". E disse ter falado com o Banco Mundial e o FMI sobre o plano de perdão da dívida e sobre outras medidas mais abrangentes para elevar o auxílio a nações pobres. Mas a proposta de moratória foi criticada por Harmen Lehment, do Instituto de Economia Mundial de Kiel (Alemanha). Para ele, os países atingidos não têm problemas para pagar suas dívidas e que a ajuda financeira direta é mais eficaz que o alívio na dívida. Disse ainda que a moratória pode passar a prejudicial impressão de que os países estão com problema de pagamento. O Reino Unido prometeu US$ 95 milhões para ajudar os países atingidos. A população britânico já doou US$ 150 milhões, quantia que o governo prometeu igualar. Brown disse que esse dinheiro não será desviado de programas existentes de ajuda a países em desenvolvimento. "Não vamos tirar dinheiro de um país pobre para darmos para outro país pobre." O premiê Tony Blair quer por o perdão da dívida e o auxílio à África na pauta do G-8 (grupo dos sete países mais ricos, mais a Rússia). Em 2005, o Reino Unido liderará o G-8 e, no meio do ano, assumirá a Presidência da União Européia.