Título: Cerâmicas esperam ano com vendas recordes
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2005, Empresas &, p. B6

Depois de enfrentar dois anos com crescimento puxado pelas exportações, a indústria de cerâmica deve ter em 2005 um dos melhores anos de sua história com a combinação de vendas externas e internas. Apesar de o Produto Interno Bruto da construção ter crescido 6,8% em 2004, segundo estimativa da Fundação Getúlio Vargas, os fabricantes de pisos e azulejos não sentiram uma expansão tão forte em suas vendas. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), as vendas internas cresceram 5%, enquanto as exportações subiram 43,5%. "As grandes obras levam de seis a 18 meses para utilizar o revestimento. Então, só agora é que o crescimento da construção realmente vai chegar às fábricas", explica Mauro Valle, diretor de operações da Portobello. Foi só a partir do segundo trimestre que o setor da construção começou a crescer. Agora a previsão das empresas de revestimentos é de um ano com boas notícias tanto internas quanto externas. Do lado das exportações, a Anfacer prevê que elas crescerão cerca de 10%, para US$ 363 milhões. E no mercado interno, que representa 75% das vendas, as empresas projetam uma expansão que varia de 8% a 10%.

Para suportar esse crescimento, as fabricantes estão investindo. A Eliane está gastando US$ 5 milhões em um forno que ampliará sua produção em 6%. "Apostamos no crescimento dos dois mercados. A diferença é que o consumo interno tem uma resposta mais rápida à variação da economia. Lá fora, é preciso construir um mercado", afirma Antônio Carlos Loução, diretor comercial da Eliane. A Gyotoku também está aumentando em 7% sua capacidade. No cenário externo, as projeções de algumas indústrias são superiores às da Anfacer. Depois de expandir suas vendas externas em 38% em 2004, a Portobello programa exportar US$ 68 milhões em 2005, o que deve representar um incremento de 25% neste ano. Isso porque as vendas de porcelanato, um tipo de cerâmica mais sofisticado, estão crescendo, o que eleva a receita em dólares. Para a Gyotoku, a comercialização para o mercado externo deve aumentar 29%, para US$ 11 milhões. De acordo com Adriano Lima, diretor-superintendente da Gyotoku, as vendas para o exterior representam 20% do faturamento. A empresa começou a exporta há quatro anos. Comum a todos os exportadores, algumas dificuldades devem surgir no caminho das indústrias de cerâmica: dólar mais fraco e dificuldade de transporte. Segundo Carlos Sant'Anna, diretor de exportações da Portobello, a empresa deixou de faturar US$ 5 milhões, quase 10% do total faturado com exportações em 2004 por causa de problemas de logística. "Atrasamos as exportações em um mês na média porque os portos estavam lotados. Não sabemos se conseguiremos recuperar isso", explica Sant'Anna. Além disso, diz o diretor, os custos de transporte subiram cerca de 35%, o que reduziu a margem de lucro da companhia. "Aliado a um dólar mais fraco, estamos perdendo competitividade." A estratégia da Eliane para driblar esse problema foi distribuir a exportação por várias fábricas em diferentes estados, para não concentrar o problema em um único porto. "Mas acredito que esse problema será minimizado neste ano porque novos investimentos foram feitos", diz Loução.