Título: Indústria paulista abre 15 mil vagas nos dois primeiros meses do ano
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 18/03/2005, Brasil, p. A5

A indústria paulista gerou mais de 15 mil vagas nos dois primeiros meses deste ano. Só em fevereiro foram abertos 21,2 mil postos de trabalho, o que representou uma variação positiva de 0,33% sobre o mês anterior, segundo dados já dessazonalizados. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), esse resultado foi uma "boa surpresa", uma vez que no início do ano é comum ocorrer a demissão de empregados contratados temporariamente no final do ano anterior. A taxa acumulada no primeiro bimestre chega a 1,05%, o que dá 6% em termos anualizados.

Dentre os setores que mostraram as maiores variações percentuais no mês passado, na comparação com janeiro, estão bebidas em geral (4,24%), malharia e meias (1,79%), produtos de cacau e balas (1,68%), rações balanceadas (1,58%) e condutores elétricos (1,49%). Apesar do bom desempenho de setores voltados à demanda interna, como bebidas e malharia, Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Fiesp, afirma que as exportações "ainda sustentam o aumento do nível de emprego". Nos ramos mais ligados às vendas externas, o de máquinas mostrou 1,12% de crescimento no emprego entre janeiro e fevereiro, o de componentes para veículos automotores cresceu 0,6%, autoveículos, 0,25%, e papel e celulose apenas 0,03%. O setor de calçados, por sua vez, refletiu os efeitos negativos da valorização cambial, que tem dificultado as exportações. A queda no nível de empregou ficou em 0,4%. Na região de Franca, pólo calçadista do Estado, o tombo foi de 2,9%. A divulgação da pesquisa da Fiesp foi interrompida em dezembro de 2004 para revisão metodológica, com apresentação de dados apenas até outubro. Ontem, a entidade divulgou o resultado do fechamento do ano passado, quando o emprego industrial avançou 7,45% e representou a abertura de 144,4 mil novas vagas. É um número bastante expressivo, que quase supera o acumulado dos quatro anos anteriores. De 2000 a 2003, a indústria paulista gerou 149,7 mil postos. A mudança da metodologia permitiu à Federação conhecer um pouco mais sobre o emprego industrial. Foi possível verificar que micro e pequenas empresas estão ganhando espaço. Segundo os dados mais recentes disponíveis, em 2003, as micros empresas (até nove empregados) representavam 8,6% do total do emprego na indústria do Estado de São Paulo, contra 6,2% em 1993. No caso das pequenas (até cem funcionários), essa porcentagem pulou de 26,6% para 35,8%. As médias e pequenas empresas perderam participação. Em 1993, as médias respondiam por 32,7% dos empregos industriais e passaram para 30,7% em 2003. As grandes sofreram redução de participação de 34,5% para 25%. Para Francini, esse movimento reflete uma mudança na estrutura de produção das empresas. "Com o avanço da terceirização, as micro e pequenas empresas passaram a realizar funções antes exercidas dentro das médias e grandes", afirma. Há ainda aumento da especialização e da informatização das indústrias maiores, o que leva à redução do quadro de funcionários.