Título: Força dos supermercados preocupa a cadeia produtiva de flores no país
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 18/03/2005, Agronegócios, p. B9

As redes de supermercado, que desde 2002 reforçam suas apostas nas vendas de flores e plantas ornamentais e foram apontadas por produtores como peça-chave para alavancar as vendas deste segmento, começam a preocupar a cadeia produtiva. O setor avalia que a concorrência das redes pode dificultar a sobrevivência das floriculturas no longo prazo. "As redes oferecem alguns tipos de flores a preço mais barato e, com isso, as floriculturas têm de se especializar para garantir a permanência no mercado", diz Renato Opitz, presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais do Ministério da Agricultura. O assunto será tema da feira nacional do setor, que acontece entre os dias 20 e 22, em Holambra (SP). De acordo com Optiz, as redes de supermercados já respondem por 40% das vendas totais de flores e plantas ornamentais e a tendência é tornar-se o principal meio de comercialização do setor. Hoje, as redes de supermercados compram diretamente das cooperativas, enquanto floriculturas compram das cooperativas e Ceasas. Em São Paulo, enquanto as vendas da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) cresceram 5,8% em 2004, para 28.342 toneladas, as da Cooperativa Veiling Holambra aumentaram 20%. A cooperativa responde por cerca de 40% das vendas nacionais de flores. Paulo Andrade Júnior, gerente da divisão de planejamento, diz que o resultado foi impulsionado pelas vendas às grandes redes, que elevaram 54% no ano passado. A participação desse grupo de clientes no faturamento da cooperativa passou de 21% para 28% no período. Para este ano, ele acredita que as vendas para este setor crescerão 30%. A Veiling espera alavancar as vendas totais em 23%, para 109 milhões de unidades. A Veiling e a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) - dona das redes Pão de Açúcar, Extra, Sendas e Compre Bem - firmaram parceria em 2002 para venda direta de flores e plantas. A parceria e a instalação de um centro de distribuição em Holambra permitiu à CBD reduzir o custo com flores em 40%. Milton Hummel, gerente de categoria do lazer sazonal do grupo, diz que as vendas do segmento cresceram 30% em 2004 e para este ano a previsão é aumentar 40%. A Terra Viva, de Holambra, teve aumento de 20% nas vendas no ano passado também impulsionado pelas entregas a grandes redes. Patrick de Block, diretor de folhas e plantas da empresa, diz que as redes já respondem por 35% das vendas e a expectativa é elevar esse índice ano a ano. Para 2005, ele espera crescer até 6%, com vendas de vasos e produtos para jardinagem. Para 2005, a Câmara Setorial estima para o setor aumento de pelo menos 10% na produção e investimentos em tecnologia em torno de R$ 50 milhões (igual ao do ano passado). Em 2004, o setor elevou as vendas internas em 12%, movimentando R$ 2,5 bilhões, sendo R$ 550 milhões na porteira. O Instituto Brasileira de Floricultura (Ibraflor) estima que as vendas dos supermercados tenham crescido 40% em 2004. No front externo, as exportações finalmente ultrapassaram US$ 20 milhões. As vendas cresceram 20,96% em 2004 sobre 2003, passando de US$ 19,43 milhões para US$ 23,50 milhões. Para este ano, o setor espera atingir US$ 35 milhões sustentados pela maior procura pelos Estados Unidos e Europa. Sérgio Nogueira Júnior, presidente do Ibraflor, observa que o Brasil elevou sua participação no mercado mundial de 0,2% para 0,3% em 2004. O país exporta hoje 5% de sua produção. Os principais itens enviados são rosas, crisântemos, antúrios e flores tropicais. No mercado interno, além destes itens, lideram as vendas violetas, flores do campo e folhagens.