Título: Meta de vendas externas pode ser revista para US$ 112 bi
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2005, Brasil, p. A33

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que a meta de US$ 108 bilhões de exportações para 2005 poderá ser revista até US$ 111 bilhões ou US$ 112 bilhões caso as vendas externas do país mantenham o ritmo atual nos próximos três meses. "Estamos mantendo a performance de US$ 400 milhões/dia de exportação e, se isso se consolidar, no semestre os números serão revistos para cima", disse Furlan. No fim de 2006, as exportações deverão atingir US$ 120 bilhões, segundo estimativa do ministro. "O presidente Lula já nos incentivou a projetar US$ 150 bilhões/ano, mas não sabemos quando (isso ocorrerá) porque dependemos dos resultados de vocês", complementou Furlan, referindo-se à platéia que o assistia. Eram empresários e especialistas em comércio exterior reunidos no conselho da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), no Rio. Os empresários entregam ao ministro e sua equipe uma série de sugestões, entre as quais a transformação do Programa de Financiamento das Exportações (Proex) em um fundo rotativo. O projeto consiste em fazer retornar ao fundo a parte principal dos empréstimos concedidos pelo Proex, evitando que o programa dependa exclusivamente do orçamento da União. "Vejo bem a proposta, pois a inadimplência (no Proex) é pequena e vamos trabalhar para aprimorar a idéia da AEB, buscando negociar no Executivo e no Congresso", disse Furlan. O secretário-executivo do ministério, Márcio Fortes de Almeida, lembrou que os recursos do Proex não vêm sendo usados em sua totalidade. "É importante que haja demanda", destacou. Roberto Giannetti da Fonseca lembrou que quando esteve à frente da Câmara de Comércio Exterior (Camex) uma das formas discutidas para transformar o Proex em fundo rotativo foi definir um orçamento plurianual. João Paulo dos Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento no governo Geisel, rebateu a idéia: "O melhor caminho é o da lei complementar porque no orçamento plurianual corre o risco de o dinheiro não sair. No meu tempo não havia contingenciamento (do Orçamento da União), o mundo era mais fácil", ironizou. Outra medida apresentada pela Camex prevê mudança de lei para permitir o financiamento de importações, via draw-back (admissão temporária), por instituição financeira pública ou privada. Hoje a lei só permite financiamento desse tipo de operação por entidade pública. A medida depende de aprovação da Camex. A AEB também pede a alteração de uma portaria para desburocratizar a vida do exportador que se financia com recursos próprios. Ministério do Desenvolvimento, AEB e Banco Central devem fazer uma reunião para consolidar posição sobre o tema antes de apresentação da proposta à Camex. Furlan também falou aos empresários sobre infra-estrutura. Ele participou ontem de reunião do conselho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, na qual o tema foi discutido. Ele disse que o banco analisa a possibilidade de criar um fundo para investimentos em infra-estrutura. Segundo ele, em 2003 o ministério estimou que haveria acréscimo em quatro anos de 215 milhões de toneladas de transporte de mercadorias, entre exportação e importação. Esse número estará sendo superado em cerca de 20%, o que demonstra a necessidade de investimentos em portos e ferrovias, disse Furlan. (FG)