Título: CSN acerta contrato de exportação de minério de ferro de US$ 1,8 bilhão
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2005, Brasil, p. A34

A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), empresa comandada por Benjamin Steinbruch, acaba de fechar seu primeiro contrato de exportação de minério de ferro. A companhia anunciou que firmou a venda de 54,7 milhões de toneladas, pelo prazo de 10 anos e três meses, com a Vale do Rio Doce. A mineradora exerceu seu direito de preferência na compra do produto, conforme acordo acertado em 2001, que vinha sendo negociado com a trading asiática Mitsubishi. O montante do contrato, segundo Marcos Marinho Lutz, diretor executivo de infra-estrutura da CSN, está avaliado em torno de US$ 1,8 bilhão. Os preços do minério, afirmou Lutz, estão indexados aos praticados pela própria Vale nas vendas internacionais de longo prazo. "Isso assegura à CSN um alinhamento aos patamares mais atuais de mercado já em sua primeira negociação", afirmou a empresa em nota ao mercado. Segundo o executivo, as entregas começam no início de 2006, quando o porto da CSN, em Sepetiba, estará pronto para fazer os embarques em navios. O escoamento do produto, nos tipos finos (sinter-feed), granulado (lump-ore ) e ultra-fino (pellet-feed), se dará a partir do último trimestre de 2005. O minério será oriundo da mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG), de onde a CSN abastece sua usina em Volta Redonda (RJ) para a produção de 5,5 milhões de toneladas de aço. Como as reservas da mina são enormes, a CSN resolveu transformar essa riqueza no subsolo em um próspero negócio. Tem um projeto em andamento para produzir 40 milhões de toneladas até o final de 2007. Desse volume, planeja vender o excedente de 31 milhões, em especial para o mercado externo. O projeto total da CSN - expansão da mina, atualmente de 16 milhões de toneladas, o terminal portuário e uma usina de pelotas de ferro - beira US$ 800 milhões. "As obras na mina e porto já se encontram em andamento", disse Lutz. De acordo com o comunicado da CSN, ao exercer o direito de preferência de compra, previsto no contrato firmado por ocasião do descruzamento de ações entre as empresas em 2001, a Vale adicionará esse volume à sua própria produção. "O seu custo unitário de produção, no entanto, é muitas vezes inferior ao preço que a empresa concordou em pagar para a CSN", destacou. Segundo Lutz, a Vale havia exercido o direito de compra uma única vez, em junho de 2003, destacando a repetição do gesto agora na primeira venda ao mercado externo. No longo prazo, afirmou o executivo, expandir a produção própria é a alternativa mais rentável para a Vale e que a manutenção dessa estratégia é bem menos atrativa para um contrato como este, de dez anos. "Faz parte do processo de entrada de um novo competidor no mercado", afirmou. Com o patamar de exportação de 31 milhões de toneladas, a CSN considera que estará posicionada entre os mais importantes "players" internacionais de minério de ferro, com cerca de 5% da oferta transoceânica mundial, que neste ano deve superar a marca de 600 milhões de toneladas. As líderes nesse mercado são Vale, Rio Tinto e BHP Billiton. Lutz informou que a entrega do produto à Vale provavelmente será feita na própria mina Casa de Pedra e que a mineradora terá o dever de entregar o produto no mercado asiático, região onde estava sendo negociado com a cliente. "Não pode ser levado para a Europa, pois estaria criando competição com outras vendas da CSN". Segundo ele, a siderúrgica está fazendo outras negociações com tradings que atuam na Europa e Ásia. "Nossa estratégia será acertar diretamente com tradings para não expor o cliente final, que poderia sofrer retaliações da Vale. Nosso lema é protegê-lo acima de tudo", afirmou o executivo.