Título: Genoino faz acordo com candidatos em SP
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2005, Política, p. A36

O presidente do PT, José Genoino Neto, afirmou ontem que negociou com os pré-candidatos petistas ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, João Paulo Cunha e Marta Suplicy, um pacto para que a disputa não interfira na renovação das direções do partido. Genoino conversou em particular com cada um dos postulantes. O dirigente nega que apóie qualquer dos três. Disse que permanecerá eqüidistante, para articular uma fórmula que evite a convocação de prévias. "A presidência do PT esclarece que respeita as três pré-candidaturas. Considera-as igualmente legítimas e vai buscar o consenso e a unidade em torno de um dos nomes", afirmou. De acordo com Genoino, a solução virá por etapas. No primeiro momento, o partido irá "fazer um diagnóstico programático sobre o Estado". Em um segundo momento, será traçado um "diagnóstico de cenários", em que serão utilizadas pesquisas de opinião pública para avaliar o desempenho dos candidatos. Caso os três postulantes concordem com este modelo para definir o candidato, as prévias poderiam ser dispensadas. Para desvincular este processo da renovação do partido, a solução para o caso paulista só virá em 2006. "Não há hipótese de tocar neste tema este ano", disse o dirigente. Nos próximos meses, a orientação do partido é criar condições para que os três tenham liberdade de desenvolver suas pré-campanhas. "O tratamento será respeitoso e igualitário", prometeu o dirigente. Antes da definição do candidato, Genoino disse que o partido irá se empenhar para inviabilizar politicamente qualquer manobra que abra espaço para o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), tentar uma segunda reeleição. Pela jurisprudência da justiça eleitoral, considera-se reeleito o governante que disputou a eleição no cargo, o que impede Alckmin - eleito vice-governador em 1998 e efetivado com a morte do titular em 2001- de concorrer novamente. Há gestões para considerar reeleito apenas o governante que já fora eleito para o mesmo cargo no período imediatamente anterior, o que exclui Alckmin. "O repúdio ao continuísmo é uma das etapas que vamos cumprir. Se o PT questionou no passado até mesmo o direito de Alckmin concorrer em 2002, o partido considera escandalosa esta discussão retornar agora", afirmou. Em 2002, quando Genoino disputou e perdeu o governo do Estado para Alckmin, a candidatura do tucano foi contestada, porque ele exerceu o mandato interinamente entre 1995 e 1998, em seu primeiro período como vice-governador. Em notícia publicada no jornal "Folha de S.Paulo", o PT aparece como interessado em afastar Alckmin da corrida presidencial, criando a possibilidade para que ele se mantenha como governador. Ontem, Alckmin desmentiu qualquer envolvimento seu na iniciativa de questionar a jurisprudência eleitoral. "No nosso caso, não há o menor interesse. A lei permita ou não, eu não pretendo ser candidato a governador", declarou, negando ainda que o PSDB planeje consultar o TSE para que a jurisprudência mude. A hipótese foi rechaçada pelo líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Não admitimos no PSDB falar sobre isso. O governador Alckmin pode ser candidato a nada, a senador, a deputado, a presidente, a vice-presidente. Mas ele não será candidato a governador de São Paulo. Posso assegurar", disse.