Título: Esquerda petista corre por fora
Autor: César Felício e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2005, Política, p. A9

A esquerda do PT quer aproveitar o embate entre Marta Suplicy, Aloizio Mercadante e João Paulo Cunha para ganhar mais espaço dentro do partido. Com a disputa pelo governo de São Paulo de três postulantes do campo majoritário, os radicais pretendem lançar uma quarta candidatura . Este cenário abriria caminho para o fortalecimento dos radicais, que procurariam demarcar suas diferenças. Um dos dissonantes, deputado Ivan Valente, afirma: "Os três representam o mesmo projeto, é só uma disputa pelo espaço político ". Membro do diretório estadual, a jornalista Angélica Fernandes está escalada para concorrer pela Articulação de Esquerda para concorrer à presidência do diretório estadual, mas sabe que seu grupo não terá o candidato ao governo. "Já vai ser uma vitória se a esquerda conseguir participar do debate. Mas não podemos nos iludir que conseguiremos indicar o candidato ao governo do Estado. A correlação de forças é muito diferente. Na última disputa, as esquerdas, unidas, conseguiram 25% dos votos", disse Angélica. Na eleição municipal do ano passado, os radicais petistas perderam a prefeitura de Campinas e não conseguiram forçar a então prefeita Marta Suplicy a disputar prévias. O candidato radical, Plinio de Arruda Sampaio Junior, não pôde concorrer. Para disputar a prévia de candidato a governador de São Paulo, os radicais cogitam nomes como o dos deputados federais Ivan Valente, Luciano Zica, Iara Bernardi e Orlando Fantazzini. Uma das dificuldades enfrentadas pela tendência sempre foi tentar conciliar os diversos grupos mais à esquerda do partido: Força Socialista, Forum Socialista, Articulação de Esquerda, Democracia Socialista, O Trabalho, Ação Popular Socialista, Esquerda Socialista, entre outras. Em São Paulo, a esquerda só é hegemônica no diretório de Campinas. "Os nomes não estão claros, mas o sentimento que queremos estimular é a renovação da direção, da democratização do partido. A unidade da esquerda é mais necessária. Temos que firmar um pólo que se contraponha ao campo majoritário", afirma Renato Simões, líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo, que tentou disputar a indicação para o governo de São Paulo contra Marta Suplicy em 1998 e contra José Genoino em 2002. Ao assumir a liderança da bancada na semana passada, Simões, membro do Forum Socialista, abriu espaço para a esquerda no diretório estadual.(C.A)