Título: Alckmin critica "obsessão" pelo poder
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2005, Política, p. A12

Por criar dificuldades de governabilidade e encurtar os governos, a antecipação do debate sucessório para a presidência da República, na avaliação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é um erro político. Ele criticou ontem, em Brasília, a "obsessão" petista pela continuidade de poder, ao ser questionado se percebia no Palácio do Planalto alguma movimentação para minar as pré-candidaturas do PSDB e PFL à presidência em 2006. "O governo federal é que tem tido uma verdadeira obsessão pela continuidade no poder. Percebe-se nitidamente o esforço num sentido de conduzir um projeto político de poder, deixando às vezes ao lado questões de muito mais importância e conteúdo necessárias ao debate nacional", criticou o governador, após discutir em Brasília os rumos da reforma tributária. As ponderações do governador não são suficientes para que seu partido contenha as projeções para 2006. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou indiretamente a candidatura de Alckmin esta semana. "Cada coisa vem a seu tempo. Sou contra a antecipação, porque isso encurta todos os governos, dificulta a governabilidade. Não me parece ser um bom caminho", enfatizou o tucano. O governador reiterou ainda que nem ele próprio nem o PSDB pretendem consultar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de reeleição em São Paulo. "É uma discussão totalmente extemporânea, que não está nas cogitações nem do partido nem do governador", garantiu. Em relação ao possível descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Alckmin disse que o caso deve ser "apurado". "A situação econômica da prefeitura de São Paulo é muito grave. Você vê milhares de empenhos anulados 30 de dezembro. É uma situação muito difícil que o Serra encontrou, mas ele vai dar um jeito, vai recuperar. A prefeitura é muito forte", apostou.