Título: Brahma desembarca em 15 países até o fim do ano
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2005, Empresas &, p. B6

A partir de abril, a cerveja Brahma desembarca em nove países, podendo chegar a mais de 15 até o final do ano. Duas estratégias distintas inauguram o processo de internacionalização da marca. Enquanto americanos, canadenses e ingleses tomarão a Brahma importada do Brasil, franceses, belgas e russos, entre outras nacionalidades européias, conhecerão a Brahma produzida em unidades da InBev na Europa. O projeto de transformar a Brahma em marca mundial começou há pouco mais de um ano e foi uma das premissas da aliança entre Interbrew (hoje InBev) e AmBev. Desde então, começaram a ser feitas pesquisas com consumidores de dez países, que serviram como ponto de partida para a atuação internacional. Além do posicionamento da marca, o levantamento definiu de que forma a empresa chegaria a esses mercados - e foi daí que se decidiu pela exportação para determinados países e produção em outros. A cerveja exportada será produzida na fábrica da AmBev de Jacareí (SP), a segunda maior unidade da companhia em capacidade de produção. Segundo Luiz Fernando Edmond, diretor-geral da companhia no Brasil, foram investidos R$ 10 milhões para adequação das linhas de produção - já que a embalagem da Brahma "internacional" será diferenciada (transparente, com o nome Brahma em relevo). O produto destinado ao mercado europeu será fabricado na Holanda e envasado na Bélgica, enquanto a cerveja consumida na Rússia e Ucrânia será produzida na planta de russa de Klin. A estratégia de internacionalização representa um desafio importante para a AmBev, não apenas em posicionamento de marca, como também em logística, já que praticamente inaugura as exportações de cerveja brasileira. Hoje, a marca Brahma está em oito países da América Latina, mas basicamente através da produção local. Embora no Brasil a Brahma esteja no segmento principal, o chamado "main-stream", ela será vendida lá fora com a mesma fórmula, mas no conceito premium - cujos preços ficam cerca de 15% acima do mercado. Segundo Edmond, seu posicionamento ficará abaixo de Stella Artois e acima de Beck´s - outras duas marcas globais da InBev - e poderá custar entre 3 euros e 4 euros. "E o segmento premium é o que mais cresce lá fora", diz. A AmBev preferiu não fazer previsões, mas a InBev anunciou, ontem, na Bélgica, que as vendas de Brahma podem gerar US$ 40 milhões em lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização até o final de 2007. "Os royalties do licenciamento serão totalmente reinvestidos", diz Edmond. Na criação da AmBev, em 1999, uma das promessas seria a exportação de guaraná - um produto típico do Brasil. Mas a aliança com os belgas colocou a cerveja à frente do refrigerante na expansão mundial. O guaraná brasileiro está em quatro países, enquanto a cerveja já estréia em nove. "A aliança trouxe sinergias que nos permitiram avançar mais rápido em cervejas".