Título: Jucá demite presidente do INSS e anuncia pacote de mudanças hoje
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2005, Brasil, p. A2

Além da alteração na presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), feita ontem, a troca de ministros na Previdência Social deve resultar em modificações nas chefias em superintendências estaduais e na Dataprev. A exoneração de Carlos Bezerra do INSS já foi formalizada. "Vai haver um comando único no ministério, que é do ministro. Tanto a DataPrev quanto o INSS vão atuar em sintonia com o ministro. As mudanças nos Estados podem ocorrer em necessidade de trabalho. A idéia é não partidarizar", disse ontem o ministro Romero Jucá. Essas mudanças gerenciais integram parte do pacote para a reformulação da Previdência que o ministro anuncia hoje, às 11 horas, com ações que serão aplicadas ao longo de dois anos. "Vamos partir para cima de quem está roubando na Previdência", disse Jucá, que tem uma dívida parcelada como órgão no valor de R$ 53 mil. "Não tenho medo de partir para cima de quem sonega e faz fraude na Previdência." Jucá recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na primeira reunião ministerial da qual participou ontem, a missão de reduzir o déficit do setor para que o governo tenha mais recursos para aplicar em investimentos sociais. "Em 2004, o nível de investimentos foi de R$ 6 bilhões, o que representa 15% do déficit da Previdência. O presidente Lula espera um choque de gestão para diminuir esse déficit, que em 2005 pode chegar a R$ 40 bilhões", disse. O pacote que será anunciado hoje já estava pronto, tanto que o ex-ministro Amir Lando recusava-se a sair do posto e deixar as glórias da divulgação para o sucessor. "O pacote já vinha sendo discutido pelo ministério e pela Casa Civil. Eu fiz algumas alterações. É um pacote do governo, sob a minha chancela", disse Jucá. Ele adiantou que para coibir a sonegação e fraudes vai trabalhar em consonância com a equipe econômica, usando a base de dados da Receita Federal e do Sistema de Informações da Administração Pública (Siap). Em relação ao envolvimento de seu ministério com os debates para a votação da chamada PEC paralela da Previdência no Senado (que modifica as primeiras mudanças implementadas com a reforma e torna regras de aposentadoria mais flexíveis), o ministro informou que cabe aos governadores coordenar a mobilização para evitar a aprovação de mudanças incluídas na Câmara. "O Senado é a casa da Federação. As mudanças feitas na Câmara impactam sobretudo os governos dos Estados, porque alteram os parâmetros de subteto. Cabe aos governadores se mobilizarem", disse.