Título: Taxa menor populariza o desconto no salário
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2005, Finanças, p. C1

Os empréstimos com desconto direto no salário estão deixando, aos poucos, de ser uma linha tipicamente usada por funcionários públicos para se disseminar em outros mercados, como trabalhadores da iniciativa privada e aposentados e pensionistas. Os dados divulgados ontem pelo Banco Central revelam que, nos 12 meses encerrados em fevereiro passado, o volume concedido para funcionários de empresas privadas cresceu 289,5%. Mesmo com a ponderação de que esse alto percentual só foi possível porque a linha é nova - praticamente inexistia há um ano - a evolução não é nada desprezível: o volume cresceu R$ 1,542 bilhão, passando de R$ 533 milhões para R$ 2,075 bilhões entre fevereiro de 2004 e 2005. O BC ainda está desenvolvendo uma estatística completa sobre o segmento, e, por enquanto, divulga dados de uma amostra de 13 instituições financeiras, que respondem por 79% do mercado de crédito pessoal. O crédito consignado total, nessa amostra, atingiu R$ 13,566 bilhões em fevereiro, alta de 98,7% em um período de 12 meses. O crédito a funcionários públicos cresceu 82,5% nos 12 meses encerrados em fevereiro, atingindo R$ 11,490 bilhões. Nestes dados, porém, também estão incluídos os empréstimos com desconto na folha de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que vem tendo crescimento bastante expressivo. O BC não divulga dados segregados sobre o crédito aposentados e pensionistas, mas é possível ter uma boa idéia de sua evolução a partir de dados do Dataprev. Em fevereiro, o volume total chegou a R$ 3,57 bilhões, alta de 483% em relação aos R$ 612 milhões de setembro de 2004. Por trás do avanço do crédito consignado estão as taxas de juros mais baixas do que a de linhas equivalentes. Em fevereiro, a taxa média cobrada na amostra de bancos foi de 39,4% ao ano (em janeiro era 39,3%), enquanto no mercado como um todo a taxa média do crédito pessoal foi de 75,3% ao ano. (AR)