Título: Caixa facilita remessa de imigrante brasileiro
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2005, Finanças, p. C8

A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou ontem um convênio com o Banco de Crédito Português (BCP) para envio de remessas de imigrantes brasileiros nos EUA. Calcula-se que existam 1,1 milhão de imigrantes brasileiros no país, a maior parte em situação ilegal. O primeiro programa de remessas feito pela Caixa, com base em cartões de crédito emitidos no exterior, não atingia a maior parte da população ilegal, que por não ter autorização oficial para estar nos EUA não consegue um cartão de crédito local. "O resultado da primeira fase foi bom, mas o novo serviço de remessas deve atingir mais imigrantes que não têm acesso a cartões", disse o presidente da CEF, Jorge Mattoso, que esteve ontem em Washington num evento no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O novo serviço, lançado na sede das Nações Unidas, em Nova York, será menos burocratizado. O imigrante irá a uma das 26 agências do banco português nos EUA e Canadá e poderá enviar dinheiro apresentando qualquer documento (passaporte, carteira de motorista etc). O crédito, no valor máximo de R$ 10 mil, pode ser feito em conta da CEF ou ordem de pagamento para retirada em qualquer agência, com taxa de 2,5% do valor da remessa - custo bem menor que a média de 8,5% a 15% cobrada por outros serviços de remessa. O BCP terá um funcionário brasileiro em cada agência para atender à comunidade. As agências do banco estão concentradas em áreas de tradicional imigração portuguesa e brasileira - como as regiões metropolitanas de Boston e Denver. Segundo Mattoso, o BCP deve ampliar a rede para 54 agências na América do Norte. O convênio da CEF é diferente do serviço oferecido pelo Banco do Brasil, que tem um acordo com a Western Union, empresa de remessas americana. Mattoso diz que os EUA são o primeiro passo da atividade internacional da CEF, que começou no ano passado com a autorização para operar câmbio. A Caixa está negociando com dois bancos japoneses para oferecer o serviço de remessas. O BB já tem uma base grande de atendimento a dekasseguis que trabalham no Japão. O objetivo da CEF é intermediar 10% das remessas dos EUA para o Brasil, estimado pelo BID em US$ 5,8 bilhões anuais. "Com taxas menores será possível aumentar a parcela de recursos enviada pelo câmbio oficial". Hoje, o BC só registra a entrada de US$ 3 bilhões- o restante vem por meio informais. A CEF também assinou ontem com o BID convênio para monitorar empréstimos a Estados e prefeituras. A Caixa vai fiscalizar as exigências para a concessão de empréstimo e o andamento das obras. O primeiro teste será num financiamento à prefeitura de Goiânia para obras de saneamento com recursos do FGTS e BID.