Título: Boas idéias ganham adeptos nos Jardins e na periferia
Autor: Cristina R. Durán
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2005, Valor Especial, p. F4

Pouco a pouco, ações isoladas surgem para aproximar os brasileiros dos livros. Um exemplo é o programa "Corrente Leia Mais, Brasil", iniciativa do publicitário Agnelo Pacheco, nos Jardins, bairro nobre da cidade de São Paulo. Outro, é o Núcleo Cultural Força Ativa (NCFA), que desde 1995 incentiva a leitura em Cidade Tiradentes, região carente na zona leste de São Paulo. No lugar de cartões natalinos, no Natal de 2004 Pacheco distribuiu cerca de mil livros de autores brasileiros, como Thiago de Mello e Lygia Fagundes Telles, carregando uma etiqueta onde se lê : "Não estou perdido, sou um livro viajante". Nela, sugere-se que, depois de lido, o livro seja deixado em algum lugar público para que outra pessoa possa ler a obra e assim sucessivamente. "Chega de reclamar que as pessoas não lêem. É hora de incentivá-las a fazê-lo", diz o publicitário, que transformou a idéia natalina em corrente permanente. Os membros do NCFA caminham por outra seara. Enquanto batalham pela implantação de uma biblioteca pública na região, eles próprios montaram uma comunitária. "No começo guardávamos alguns livros na garagem de um amigo. Depois conseguimos uma sala da Cohab, por meio da ONG Instituto brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac)", diz Washington Góes, responsável pela comunicação do grupo. "A leitura é importante para o desenvolvimento cultural; quem lê se comunica melhor, conhece as leis, entende a sociedade, a política, se relaciona melhor com a comunidade e o ambiente de trabalho." Hoje o espaço contém cerca de dois mil livros e registra quase três mil pessoas cadastradas para ter acesso a eles. "Apesar da freqüência, que aumenta a cada dia, o espaço é precário. Tem vazamento de água, os livros correm o risco deteriorar. Estamos procurando ajuda financeira para reformá-lo, mas não deixamos de lutar pela nossa biblioteca pública." Para abastecer as prateleiras, eles contam com a parceria de outras ONGS; da Secretaria de Estado da Cultura e com doações de livros. (C.R.D.)