Título: Câmbio ainda favorece exportações, diz relatório
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2005, Brasil, p. A6

O Banco Central defende a tese, no seu relatório de inflação, de que as exportações são sustentáveis e que o câmbio continua favorável para manter as vendas externas, quando comparado com a média histórica. Nos cálculos do BC, o dólar se desvalorizou 1,9% no período de 12 meses encerrados em fevereiro de 2005, quando comparado com o período de 12 meses imediatamente anterior. Nesses exercícios, o BC toma como base a taxa de câmbio efetiva - comparada não só com o dólar, mas com uma cesta com as moedas dos principais compradores de produtos brasileiros. Também deflaciona os dados internamente pelo IPCA e externamente pelos índices de preços do atacado. Num outro exercício, o BC fixa o mês anterior ao lançamento do Plano Real - junho de 1994 - como o ponto zero. E conclui que, nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2005, a taxa de câmbio estava desvalorizada em 33,6% em relação àquela data. Seguramente, o fato de os cálculos do BC levarem em conta médias da taxa de câmbio têm alguns impactos. Entre abril e maio de 2004, a taxa de câmbio atingiu um pico de R$ 3,23, o que eleva a média. A eventual manutenção nos próximos meses de uma taxa mais baixa como a atual, na casa dos R$ 2,70, deve jogar essa média para baixo. Outro fato que, na visão do BC, demonstra que as exportações são sustentáveis são as expectativas favoráveis do mercado financeiro para a balança comercial. As projeções de mercado aumentaram 4,7% neste ano, até 18 de março, para US$ 104,7 bilhões. A autoridade monetária diz ainda que a alta de preços de commodities também ajudará no saldo. Apenas a alta do minério de ferro terá impacto estimado entre US$ 1,8 bilhão e US$ 2,5 bilhões. O comércio exterior continua favorecido, diz o relatório, por uma economia mundial que se mantém aquecida, ainda que provavelmente abaixo dos níveis de 2004. (AR)