Título: Juro mais alto não deve comprometer expansão de 4% do PIB durante o ano
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2005, Brasil, p. A6

A despeito dos juros mais elevados, o Banco Central mantém a sua projeção de expansão de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005. A diferença fundamental em relação à projeção anterior, divulgada em dezembro, é que a demanda externa - exportações menos importações - terá um efeito mais positivo no crescimento da economia. "A demanda externa vai contribuir para a atividade talvez de uma forma mais expressiva do que esperávamos", disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua. O Banco Central não especificou, exatamente, qual vai ser o papel da demanda externa no crescimento econômico. Em dezembro, o relatório trimestral de inflação assinalava que o efeito seria positivo em 0,1% no crescimento (as exportações teriam um efeito de 1,8%, e as importações, de -1,7%). Sabe-se, pelo relatório de inflação divulgado ontem, que o BC reviu suas expectativas para as exportações em 2005. Agora, é esperado um volume de US$ 105 bilhões, ante US$ 100 bilhões projetados em dezembro. O saldo comercial ficou estimado em US$ 27 bilhões, ante US$ 25 bilhões previstos no período imediatamente anterior. O saldo ainda é menor, porém, que os US$ 33,7 bilhões efetivamente verificados no ano passado. Para determinar se o efeito da demanda vai ser mais positivo ou não, o dado relevante é o quantum exportado, esclarece o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Sob esse aspecto, a demanda externa terá contribuição positiva. Segundo Afonso Bevilaqua, mesmo com as exportações mais favoráveis, permanece a avaliação de que o principal motor do crescimento da economia neste ano será a demanda interna. Dois fatores vão ter peso positivo: o consumo, puxado pelo aumento da renda e pela expansão moderada do crédito; e os investimentos. A quebra de safra não deverá ter efeito líquido negativo sobre a demanda. Em dezembro, o Banco Central esperava uma expansão de 4,2% no setor agrícola e, agora, de 4,8%. O diretor do BC informa que, em dezembro, já era previsto algum impacto das condições climáticas. Ele acrescenta que houve queda na safra de alguns produtos, mas o desempenho acima do esperado em outros acabou compensando as perdas. A projeção de expansão da indústria foi revista, de 4,8% para 4,6%. O crescimento menor se deve à extração mineral (queda na projeção de 6,4% para 4,1%), construção civil (4,9% para 3,3%) e utilidade pública (5% para 4,1%). A projeção para a indústria de transformação subiu de 4,5% para 5,2%. O crescimento projetado para os serviços foi revisto, de 2,9% para 3,1%, de dezembro para março. O destaque é o comércio, com expansão de 6,6%, ante os 4,5% previstos em dezembro passado. (AR)