Título: Nova ajuda para agricultores do Sul
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2005, Agronegócios, p. B14

Pressionado por uma comitiva de dez entidades empresariais do Sul do país, o governo federal anunciou ontem um novo pacote de R$ 1,55 bilhão de ajuda aos produtores atingidos pela seca na região. Parte das medidas, porém, já tinha sido anunciada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no início deste mês, em Rio Verde (GO). Em 11 de março, o governo destinou R$ 408 milhões para agricultores familiares do Sul. O pacote, focado em médios e grandes produtores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, inclui novidades como a liberação, pelo Banco do Brasil, de R$ 150 milhões para operações de capital de giro de micro e pequenas empresas que tiveram problemas de fluxo de caixa por causa da redução nos negócios provocada pela estiagem. Os empréstimos poderão ser contratados até 31 de agosto e terão prazo de 18 meses. O BB baixou em 0,3% o juro mensal da linha, de 2,9% para 2,6% mais TR. As empresas, de todas as áreas, poderão renegociar dívidas nessa linha, segundo Edson Monteiro, vice-presidente de Varejo do BB. O governo também lançou um programa de crédito para retenção de matrizes e crias de bovinos e bubalinos. A linha terá R$ 200 milhões com juros de 8,75% até o limite de R$ 60 mil por beneficiário. Os financiamentos, com prazo de até dois anos, deverão ser contratados até 31 de agosto. "Queremos reduzir o abate de vacas e bezerros", disse Ricardo Conceição, vice-presidente de Agronegócios do BB. Além dessas medidas, o BB voltou a anunciar R$ 500 milhões para a comercialização da atual safra na região, especialmente para ajudar produtores de arroz, maçã, uva e seus derivados. Também reafirmou a destinação de R$ 700 milhões para custeio das lavouras de inverno. "Com isso, será possível atravessar o furacão seco da estiagem", disse Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul). A comitiva empresarial propôs a Rodrigues a criação de uma linha especial do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em parceria com as indústrias de insumos. Nesse caso, disse o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), as empresas bancariam entre 3% e 5% dos juros. E o Tesouro, pagaria a diferença entre 8,75% e as taxas de mercado. Os produtores de arroz querem R$ 80 milhões para contratos de opção privadas.