Título: Emprego metalúrgico sobe junto com produção e tem maior alta em 17 anos
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 29/03/2005, Brasil, p. A2

O emprego na indústria metalúrgica cresceu 11,6% no ano passado, o equivalente a um saldo líquido entre admitidos e demitidos de mais de 157 mil trabalhadores. É o melhor resultado em 17 anos e a primeira vez também desde 1987 em que os principais ramos da metalurgia cresceram simultaneamente, tanto em produção quanto no nível de ocupação. Na indústria automotiva, o emprego ficou 12,3% maior em 2004 sobre o ano anterior. Nas autopeças, o percentual foi de 9,4%; nas empresas de bens de capital, o incremento ficou em 13,2%. Para o setor de eletroeletrônicos, a ocupação cresceu 7,4%, enquanto que na siderurgia avançou 5,1%. Nos dois últimos anos, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do governo federal, entre janeiro de 2003 e janeiro de 2005, o setor metalúrgico criou 217,4 mil postos, uma alta de 16,5%, ante um crescimento de 12,3% no conjunto da indústria no mesmo período. Esse avanço ajudou a compensar parte do 1,5 milhão de vagas fechadas entre 1987 a 2002. Na comparação entre dezembro de 2004 e o mesmo mês em 2002, a elevação é de 15,3%, com mais 202 mil empregos. Na avaliação de José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, "se o país continuar a crescer nos níveis de 2004, em oito anos iremos recuperar o 1,2 milhão de empregos que faltam para atingir os níveis de 1987, quando o setor metalúrgico empregava mais de 2,7 milhões de pessoas". Para ele, a indústria atingiu um novo patamar de produção que requer mais investimentos em infra-estrutura, expansão do parque industrial e, conseqüentemente, mais emprego. O desempenho do setor foi acima da média da economia brasileira. A produção industrial em 2004 avançou 8,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a metalurgia cresceu cerca de 16%. Isso teve reflexo direto no mercado de trabalho, que viu o emprego para metalúrgicos crescer acima do geral da indústria (9,4%). Valter Sanches, secretário de organização da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), atribuiu o bom resultado do ano passado ao desempenho recorde das exportações e à expansão do crédito no país. E ressaltou que os números poderiam ser ainda melhores, "se não fossem as demissões realizadas no final de 2004 em empresas do setor de eletroeletrônicos". No ano passado, 94,5% dos metalúrgicos filiados à CNM-CUT tiveram aumento acima da inflação acumulada em 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse percentual, metade obteve aumento real entre 3,51% e 4,5%, enquanto 32,9% ganharam entre 1,5% e 2,5% acima da inflação. Por outro lado, 4,3% dos trabalhadores não conseguiram repor as perdas salariais e 1,4% obteve reajustes iguais ao INPC.