Título: Apesar de juros em alta, atividade da indústria cresce em fevereiro
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2005, Brasil, p. A2

O nível de atividade na indústria paulista voltou a crescer em fevereiro e apresentou variação de 1,9% em relação ao mês anterior, número já com ajuste sazonal. Sem o ajuste, o percentual ficou em 0,2%. Na comparação com fevereiro do ano passado, o crescimento do indicador foi de 9,2%. No acumulado deste ano, a alta chega a 6,9%. Apesar do aperto da política monetária desde meados de 2004, sempre criticado pelos empresários, as vendas reais do setor industrial seguem em alta. Pelos dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), entre janeiro e fevereiro, o indicador mostrou leve alta de 0,2%, sem ajuste sazonal. Na comparação anual, o incremento foi de 15,3%. De janeiro a fevereiro de 2005, as vendas acumulam ganhos de 13,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Dentre os setores que mais se destacaram positivamente estão os de alimentos e bebidas e os chamados outros equipamentos de transporte (que exclui a indústria automobilística). O primeiro ramo apresentou alta de 7,2% no nível de atividade entre janeiro e fevereiro, com um crescimento de 2,7% nas vendas reais. Já no segmento de transporte a atividade avançou 7,8%, enquanto as vendas reais caíram 21,7%, sempre na mesma comparação. Em contrapartida, a atividade da indústria de máquinas e equipamentos declinou 2,5%, mas com elevação de 2,7% nas vendas. A quantidade de horas trabalhadas na produção e o salário real médio cresceram significativamente entre fevereiro deste ano e igual mês de 2004. O indicador das horas avançou 9,9% nesta comparação, ao mesmo tempo em que o salário real médio pago na indústria paulista ficou 4,7% maior. Para Paulo Francini, diretor do departamento de economia da Fiesp, isso indica que a massa salarial também cresceu, o que ajuda a impulsionar a venda de bens não-duráveis, como os alimentos, mais sensíveis à renda. O nível de utilização da capacidade instalada no total da indústria paulista ficou praticamente estável entre janeiro e fevereiro, na casa dos 79,5%. No entanto, em relação ao ano passado houve crescimento, pois no primeiro bimestre de 2004, o nível médio de utilização da capacidade ficou em 77,6% . O ramo das empresas automotivas foi o que apresentou o indicador mais próximo do limite da capacidade instalada nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, com 92,1% de utilização, seguido pela metalurgia básica (87,5%), e do setor de celulose e papel (85,5%). Níveis acima de 85% já são considerados próximos do limite, pois as indústrias nunca operam a 100% da capacidade.