Título: Partido usará fim do acordo com o FMI contra tucanos
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2005, Política, p. A6

O PT vai explorar a não-renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) como arma contra o PSDB, especificamente contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vamos dizer que o FHC levou o Brasil para o FMI. E o Lula tirou. Vamos fazer festa com isso", adianta Paulo Ferreira, secretário nacional do PT. O elogio à política econômica do governo estará na tese que é elaborada pelo campo majoritário do PT para a eleição interna da sigla. Nos dias 9 e 10, a ala majoritária se reúne no Rio para discutir o teor do documento, a cargo de uma comissão. A apresentação é em maio. O presidente do partido e candidato à reeleição, José Genoino, já antecipa: não tratará de metas de superávit ou inflação, mas defenderá que medidas duras foram "necessárias em força da escandalosa dívida deixada por FHC". "Temos que trabalhar por mudanças. Mas sem colocar em risco o que consolidamos em dois anos", diz Genoino. "Há dois anos, não poderíamos não renovar o acordo com o FMI. Agora, não renovamos", diz ele. A base da tese tem sido o discurso de Genoino na comemoração dos 25 anos do PT, quando listou benefícios do governo como prova de que medidas duras eram necessárias. A exemplo do discurso, a tese deverá recomendar a reprodução da aliança nacional pelos Estados. Genoino prefere não falar em siglas, limitando-se à exclusão do PFL e PSDB. Diz que as alianças não devem ser pragmáticas demais nem deve haver isolamento.