Título: Arcelor tentará comprar fatia dos fundos na Acesita, diz Dollé
Autor: Ivo Ribeiro e Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2005, Empresas &, p. B5

O grupo europeu Arcelor, que já lidera a produção de aço no Brasil, inicia na terceira semana de abril negociações com as fundações Previ e Petros para aquisição de suas ações com direito a voto no capital da Acesita, siderúrgica mineira que faz aço inox e especiais. Guy Dollé, presidente mundial do grupo, disse ontem que cada lado já está contratando bancos para assessorar na avaliação da Acesita. A compra dessas ações é um dos passos da Arcelor para formatar a holding dos ativos do grupo no país. A companhia já controlando a Siderúrgica de Tubarão (CST), a Belgo-Mineira e a laminadora Vega do Sul. Na Acesita ela já tem 39% das ações ordinárias e 28% do capital total. Apenas a Vega do Sul não tem ações em bolsa. "Temos um compromisso de compra, que vai até o fim do ano, apenas com Previ e Petros", destacou Dollé. Os dois fundos têm juntos cerca de 24,7% do capital votante da Acesita, o que corresponde a 15% do capital total. De acordo com o executivo, que veio ao Brasil pela primeira vez neste ano e hoje participa da inauguração da duplicação da usina de Piracicaba (SP), da Belgo, a holding Arcelor Brasil terá um valor de mercado entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, considerando o valor das ações das três empresas na Bovespa. "Queremos ter uma blue chip na bolsa brasileira, com elevada liquidez - pelo menos 35% a 40%", afirmou Dollé. As negociações não deverão ser fáceis. Na avaliação do comando da Arcelor o valor de mercado da Acesita está alto e na operação será ainda considerado o valor econômico da empresa. Na Bovespa, o valor da Acesita, com base na cotação de suas ações, situa-se em R$ 3,1 bilhões. O negócio não deverá sair barato para a Arcelor, pois Previ e Petros deverão lutar para que sejam vendidos os papeís de todas as fundações que participam do capital da Acesita. São mais quatro fundos - Sistel, Previ Banerj, Postalis e Real Grandeza. O acerto com os fundos poderá ser rápido ou demorado, tudo vai depender da questão do preço. Enquanto trabalha nesta negociação, a Arcelor vai dar prosseguimento a uma segunda operação para concretizar a holding. Em 15 de junho, os japoneses da JFE vão decidir a venda de suas participações na CST, incluindo aí entendimentos sobre a participação da JFE na Califórnia Steel, onde tem parceria com a Companhia Vale do Rio Doce. Hoje, a Arcelor já detém 73% do capital votante da CST. Ela pretende ter 100% da companhia. A CST é muito importante para a Arcelor, que quer consolidar uma cadeia produtiva de aço no país, desde placas a galvanizados. Por conta disso, a gigante européia está estudando a incorporação da Vega do Sul à CST. O assunto pode ser decidido logo após a Arcelor passar a deter o controle total da usina de Tubarão. Um outro movimento na formação da holding é o acerto com o BNDES, que deverá ter uma participação no negócio, conforme negociações entre Dollé e o banco, à época da gestão Lessa. O executivo pretende conversar em breve com Guido Mantega sobre a formação da holding. O banco tem 26% de ações ON da Acesita, que correspondem a 17,3% do total. Segundo ele, o que pode negociar com o banco é uma participação de até 5%. "Parece um número razoável", pergunta. O interesse é que a Arcelor Brasil tenha um presença forte no mercado de capitais.