Título: Ponta da Madeira receberá US$ 300 milhões
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2005, Empresas &, p. B7

O terminal de Ponta da Madeira, no complexo portuário de São Luís, no Maranhão, tem programados investimentos de US$ 300 milhões no período 2004-2007 para garantir o escoamento da produção de Carajás, pertencente à Cia. Vale do Rio Doce (CVRD). A mina, no Sul do Pará, deverá produzir 100 milhões de toneladas de minério de ferro em 2007, cerca de 30 milhões a mais do que foi produzido em 2004. Essa perspectiva de aumento está levando o terminal de Ponta da Madeira, também controlado pela mineradora, a investir pesado em programa de expansão de sua capacidade. Em 2005, Ponta da Madeira deverá embarcar 69,4 milhões de toneladas, entre minério de ferro e pelotas. Se forem consideradas outras cargas movimentadas pelo terminal, como soja, ferro-gusa e manganês, o volume total atingirá 77 milhões de toneladas neste ano. Em 2004, Ponta da Madeira embarcou 61 milhões de toneladas, entre minério e pelotas, e 67 milhões considerando todos os produtos. "Teremos um acréscimo entre 9 milhões e 10 milhões de toneladas de 2004 para 2005", diz Luiz Cláudio Patrus, gerente geral do terminal de Ponta da Madeira, em São Luís. Inaugurado em 1986, o terminal conta com três piers e tem capacidade de receber navios com calado de até 23 metros. Em Ponta da Madeira, opera o maior navio graneleiro do mundo, o Berge Sthal, com capacidade de carregar até 360 mil toneladas. O minério embarcado em Ponta da Madeira sai de Carajás e é transportado por via férrea homônima num trecho de 892 quilômetros até o porto. Um pequeno volume, entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas/ano, é entregue aos guseiros ao longo da via. Eles o transformam em ferro-gusa, produto que também é exportado pelo terminal. Os principais destinos do minério que sai por Ponta da Madeira são Europa e Ásia. Patrus antecipou que já foram iniciados os estudos do projeto para a construção de um quarto berço para atracação de navios em Ponta da Madeira. A construção do pier número 4 será necessária quando a produção de Carajás superar as 100 milhões de toneladas/ano. Ele não soube precisar qual será o valor do investimento no pier quatro, mas certamente será bem maior do que os US$ 40 milhões investidos para colocar em operação o pier 3, em julho de 2004. Além da construção do berço em si, será preciso montar sistema para descarregar o minério dos vagões e depois armazenar, transportar e embarcar nos navios. O novo pier será equipado com carregador de navio com capacidade para 16 mil toneladas por hora. Hoje o pier 1 conta com um carregador com capacidade de 16 mil toneladas por hora. O pier 2, arrendado à Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), tem instalado um carregador com 8 mil toneladas/hora e o pier 3, outra máquina com igual capacidade. Em julho, entrará em operação mais um carregador de navio e o respectivo sistema de retaguarda (a correia transportadora) no pier 3. "Para que a gente possa embarcar o volume correspondente à produção de Carajás, em 2007, está previsto a instalação de um terceiro carregador de navio no fim de 2006 ou no início de 2007", antecipou Patrus, um mineiro que está há três anos em São Luís. Ele acrescentou que em julho deste ano entrará em operação no terminal um terceiro virador de vagões. Hoje existem dois viradores, com capacidade individual de 8 mil toneladas/hora. A composição de trens é formada de 208 vagões, o equivalente a um comboio com dois quilômetros de extensão. Os pátios de estocagem também passam por ampliações. Patrus informou ainda que a movimentação de soja por Ponta da Madeira deve crescer 80% este ano em relação a 2004, totalizando 1,8 milhão de toneladas. A soja embarcada por São Luís é produzida no Sul do Maranhão e no interior do Piauí e em partes do Pará, do Mato Grosso e do Tocantins. Toda a soja é embarcada pelo pier 2, onde também se movimenta gusa. Para evitar contaminação, são seguidos rigorosos procedimentos de limpeza das correias transportadoras. A perspectiva de Ponta da Madeira é movimentar de cinco a seis milhões de toneladas de soja por ano até 2009. O repórter viajou a convite da Emap