Título: Expansão em todas as áreas
Autor: Cristiane Perini Lucchesi e Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2005, Finanças, p. C1

Os bancos de investimento estão de olho nos mercados brasileiros de ações, debêntures, operações estruturadas, de derivativos e de fusões e aquisições que vêm em ampla expansão há mais de dois anos. "Não estamos acostumados com uma janela aberta há tanto tempo para a emissão de ações de empresas brasileiras", diz Richard Rainer, integrante do comitê executivo que dirige a Merrill Lynch no país. Diferentemente do que acontecia antes, as emissões de ações não são mais feitas apenas por grandes empresas, como a Petrobras ou a Vale do Rio Doce. "Há muitos setores e empresas novas entrando no mercado", comenta Marcelo Naigeborin, também do comitê dirigente da Merrill Lynch. Nada melhor para os bancos de investimento, que podem cobrar comissões maiores das novatas, pela própria complexidade do trabalho para lançar papéis dessas empresas no mercado. As emissões de ações primárias acabam gerando volume forte de negócios nos mercados secundário e as corretoras e analistas de renda variável acabam valorizados. O mercado interno de renda fixa não fica atrás em movimento, com o total de debêntures registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste ano já passando o recorde de R$ 16 bilhões entre operações em análise e aprovadas. No seu melhor momento, em 2001, a CVM registrou R$ 15,2 bilhões, mas em doze meses. "O mercado de debêntures é ainda dominado pelos bancos comerciais e/ou bancos com grandes operações de gestão de recursos no Brasil", comenta Rodrigo Lowndes, diretor-gerente do Morgan Stanley. O banco, assim como a Merrill Lynch, não se decidiu pela atuação no mercado interno de debêntures, diferentemente do UBS, WestLB e Standard Bank, que estudam passar a atuar nesse mercado. A Goldman Sachs também está de olho no negócio de debêntures e pode contar com a ajuda do possível futuro parceiro Pactual. José Olympio, do CSFB, diz que a estratégia do banco é na área de renda fixa local é seletiva. "A atividade bancária, de empréstimo, se confunde com a distribuição de títulos nessa área e nosso interesse está apenas em distribuir", explica. O mercado externo de renda fixa está devagar para emissões primárias, mas o volume de negócios no secundário está fortíssimo. Além disso, empresas novas buscam acessar o mercado, o que tem aumentado as comissões dos bancos que ganham as poucas operações primárias disponíveis. Já o mercado de fusões e aquisições está movimentado. Segundo Lownes, o trabalho nessa área se tornou mais técnico, com muitas empresas nacionais olhando para realizar compras fora do país. "Um banco com atuação global e integrada leva vantagem para assessorar o cliente nesse tipo de operação", disse Lowndes. Olympio, do CSFB, acredita que o maior potencial de negócios está mesmo no segmento de ofertas de ações. Nos últimos meses, o banco participou das ofertas de ações de Braskem, Bradespar e Unibanco e liderou a do Submarino, concluída nesta semana. É também o coordenador da oferta da Localiza, em fase de estruturação, e um dos bancos contratados para a emissão da Cosan, do setor sucroalcooleiro. O executivo destaca também que a área de fusões e aquisições também é outra que está aquecida. "Temos um bom número de operações importantes em carteira neste momento." (CPL e VA)