Título: Furlan vai intermediar reunião com embaixada
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Brasil, p. A3
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem, durante evento em Florianópolis, que fará uma reunião com empresários brasileiros e com autoridades da Embaixada chinesa no Brasil para que o setor privado exponha os problemas que está enfrentando com a concorrência desleal dos chineses. O ministro reuniu-se com empresários do setor têxtil que pediram interferência do governo. "Com a reunião, a gente espera que o governo chinês nos ajude a coibir excessos de contrabando e subfaturamento que causam danos às indústrias nacionais. Mas ao mesmo tempo vamos arquitetar uma forma para comprovar se existe esse dano ou não à indústria brasileira", afirmou o ministro. O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Vale do Itajaí (Sintex) e diretor de exportação da Hering, Ulrich Kuhn, foi um dos representantes do setor que esteve reunido com Furlan. "Sabemos que a bola de neve está descendo a ladeira", disse Kuhn, citando o avanço dos produtos chineses no Brasil. "Os Estados Unidos já sinalizam que vão entrar com política de cotas para os chineses. Mas o Brasil, por sua posição política, vai evitar esse caminho", comenta. Ele diz que não acha, no entanto, que o país esteja demorando para tomar uma atitude, já que essa é uma questão delicada e também política. O empresário ouviu do ministro que está em andamento uma forma de aumentar o rigor nos portos perante as importações chinesas e que a reunião com a embaixada será em breve. Reforçam o coro de Kuhn, o empresário Udo Döhler, presidente da indústria têxtil Döhler, e o presidente da Buettner, João Henrique Marchewsky, que acha que os produtos chineses devem ser tributados ao entrar no Brasil já que o setor brasileiro começa a sofrer com o subfaturamento das importações chinesas. Furlan disse estar de comum acordo com o setor privado no sentido de colocar o tema aos chineses e ao mesmo tempo construir um caso concreto que ilustre a concorrência desleal. "Não se pode tomar medidas sem que haja uma razão concreta", disse. "Há reclamações do setor privado, mas nenhum pleito concreto, seguindo as regras do jogo", completou. Glauco Côrte, diretor da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), defendeu que o país evite "a compra de alguns produtos em que temos impossibilidade de concorrer em preços como nos têxteis, onde há diferença grande no custo da mão-de-obra e carga tributária".