Título: Prefeito sobe em poste para desativar radares
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Política, p. A6

O prefeito de Maceió, Cícero Almeida (sem partido), assumiu a Prefeitura de Maceió com atitudes inusitadas. Subiu em postes para desativar radares eletrônicos e cantou em pleno mercado público. Este tipo de comportamento foi logo abandonado e hoje o prefeito comanda a prefeitura cercado de críticas dos adversários e em meio a algumas polêmicas provocadas por projetos que, segundo ele, visam a melhorar a máquina administrativa e a qualidade de vida da população. Até a semana passada o prefeito ainda não havia conseguido implantar a reforma administrativa, uma de suas promessas de campanha. Também se viu em situação complicada ao declarar que havia assumido a chefia do Executivo com um rombo de R$ 500 milhões deixado pelo seu antecessor. Cícero é um fenômeno. Ex-motorista do ex-presidente Fernando Collor, radialista, foi eleito vereador e deputado estadual, embora nunca tenha concluído nenhum do mandatos. Tem como vice Lurdinha Lyra, filha de um dos usineiros mais poderosos do Estado, o que lhe garante o apoio de um dos mais importantes setores da economia local. Tem maioria na Câmara, com 13 dos 21 vereadores em sua base. Apesar disso, vem enfrentando uma série de problemas. Antes mesmo de assumir, Cícero deixou o partido pelo qual foi eleito, o PTB, e até recentemente estava sem filiação partidária. Teve também duas baixas em sua equipe menos de três meses após a posse.

O assessor especial de governo, Aelisson Batista, responsável pelo projeto da reforma administrativa que prevê a redução do número de secretarias de 32 para 14 e do número de cargos comissionados pela metade, acabou sendo demitido sob a alegação de que a sua saída fazia parte da própria reforma que ajudara a criar. Três secretarias foram extintas, embora os titulares continuem nos cargos e os projetos de lei que determinam as extinções ainda não tenham sido enviados à Câmara. Uma outra baixa na equipe foi a do secretário de Comunicação, Luiz Dantas. Uma das razões para a saída de Dantas teria sido, segundo alguns integrantes da base aliada, o fato de estar dando à vice-prefeita uma visibilidade maior que a esperada além de ter gasto a verba de um ano publicidade em apenas três meses. Mas a maior preocupação de Cícero é o cofre municipal. Em março, ele anunciou que havia herdado um rombo de R$ 500 milhões de gestões anteriores. Ele qualificou a gestão anterior, da prefeita Kátia Born (PSB) como "um caos". Segundo ele, a prefeitura tentará reduzir pela metade o débito encontrado, de forma a ganhar fôlego para tocar a administração e realizar os investimentos. As primeiras ações anunciadas pelo prefeito foram a manutenção de dois projetos iniciados no governo passado. Os projetos de reurbanização do centro de Maceió e da orla marítima, orçados em R$ 62 milhões, prevêem obras de saneamento, drenagem, galerias de escoamento de águas pluviais e revitalização e requalificação da zona marítima. Também estão sendo trabalhados os Planos Diretor e Plurianual (PPA). O PPA deve ser encaminhado à Câmara até agosto e contempla a construção do eixo viário, o maior projeto estruturante prometido pelo prefeito. (PE)