Título: Lula dá voto de confiança, mas espera explicações
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Política, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dar "um voto de confiança" ao ministro Romero Jucá (Previdência), mas ainda espera que ele apresente explicações satisfatórias ao procurador geral da República, Cláudio Fonteles. Se satisfizer o procurador, o problema com as acusações que atualmente pesam contra Jucá será considerado definitivamente encerrado pelo Planalto. Jucá participou ontem da reunião matinal do presidente Lula com os ministros que integram a coordenação política do governo. De imediato, sua presença na conversa foi entendida como um "puxão de orelhas" ou "pedido de explicação". Na realidade, era para tratar do projeto de combate ao déficit da Previdência. Mas o problema das denúncias foi abordado por Lula. Ao falar, Lula disse que Jucá tinha o seu "voto de confiança", pediu que ele não "desanimasse", pois os ataques faziam "parte da política", e emendou: "O que eu quero é que você cuide da questão do déficit, aquilo lá (a Previdência Social) tem que ser uma máquina eficiente", disse Lula, segundo relato de presentes à reunião no Planalto. Jucá não é o primeiro ministro de fora do núcleo palaciano a participar de uma reunião da coordenação. Roberto Rodrigues (Agricultura) e Luiz Fernando Furlan (Indústria e Comércio), çor exemplo, já estiveram na reunião para debater projetos referentes a suas Pastas. Além dele, compareceram o vice-presidente José Alencar, o secretário-executivo do Planejamento Nelson Machado e o secretário do Tesouro, Joaquim Levy. Na véspera, Jucá participou de uma reunião com o ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). Ao mesmo tempo em que Jucá traçava com Gushiken estratégias de comunicação para a Previdência Social - e ouvia do ministro que continua com o apoio do presidente -, os senadores do PMDB fizeram uma reunião para avaliar a situação política do ministro. Concluíram, a exemplo de outros ministros palacianos, que Jucá estava na defensiva e precisava partir para o ataque, defendendo-se das acusações e anunciando medidas de impacto na Previdência. Com a viagem de Lula e o provável esvaziamento do Congresso nesta semana, o PMDB espera que seu ministro deixe as primeiras páginas dos jornais. Na avaliação dos pemedebistas, Jucá só ficará efetivamente ameaçado de perder o cargo, se não apresentar explicações convincentes ao procurador Fonteles sobre uma operação que fez com o Banco da Amazônia (Basa). Ou que surja nova denúncia. Jucá é considerado no PMDB um quadro capaz de apresentar resultados na Previdência e ajudar na recuperação da imagem do partido. Os pemedebistas suspeitam que o caso esteja sendo potencializado por setores do PT que desejam a reabertura da reforma ministerial abortada por Lula semana passada.