Título: Ministro da Previdência diz que acusações são "requentadas"
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Política, p. A7

O ministro da Previdência, Romero Jucá, convocou ontem a imprensa para defender-se de acusações que segundo ele, são "requentadas por adversários políticos". "Estou tranqüilo. Não tenho nada a temer. Não fiz nada errado. O presidente me deu tranqüilidade para mergulhar nos problemas da Previdência. Quem acha que vai me tirar do rumo está enganado", garantiu. O ministro ainda informou que as explicações de ontem não eram prestadas a pedido do presidente da República. Ontem, ele confirmou que, antes de tomar posse, levou ao Palácio do Planalto documentos que provam sua correção na vida pública. "O presidente disse que tem plena confiança em mim e pediu que eu trabalhasse", revelou. Mas em seu 15º dia no novo cargo, Jucá teve de convocar uma entrevista coletiva para afirmar que não está envolvido em três acusações. A primeira delas é sobre supostas irregularidades em uma empresa (Frangonorte) que recebeu empréstimos do Banco da Amazônia (Basa). Teriam sido dadas em garantia fazendas que não existem. A segunda acusação trata de uma emenda vetada pelo presidente Lula. Uma proposta de alteração da Medida Provisória 222 previa que a Previdência poderia aceitar como garantia de dívidas imóveis que estão sendo contestados judicialmente. Por fim, Jucá também negou envolvimento com acusações de irregularidades contra o prefeito de Cantá (RR). Uma interceptação telefônica teria registrado a frase "a parte do senador". Mesmo sem citar o seu nome, essa frase foi usada contra Jucá na campanha eleitoral em Roraima. O ministro da Previdência disse que tem cobrado da Polícia Federal e do Ministério Público Federal a conclusão das investigações. Apesar de ter recebido prazo de vinte dias do procurador geral da República, Cláudio Fonteles, garantiu que, nesta semana, vai apresentar todos os documentos e argumentos que provam sua inocência e colaboram com as apurações. Quanto à polêmica emenda à Medida Provisória 222 - foi convertida na Lei 11.098 de 13 de janeiro de 2005 - Jucá explicou que, na verdade, apenas apresentou uma proposta atendendo a pedido de três deputados: Professor Luizinho (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR). Jucá disse que procurou a Casa Civil e recebeu a informação segundo a qual essa emenda seria vetada. Apesar de aprovada pelos plenários do Senado de da Câmara, foi isso o que efetivamente ocorreu. A assessoria de Paulo Rocha informou que o deputado "apenas acompanhou", como parlamentar ligado à Amazônia, a tramitação da emenda e que "ela não era defendida pelo PT". O gabinete do deputado Professor Luizinho informou que, ontem, ele estava retornando da Itália e, portanto, não poderia comentar o assunto. A assessoria de Borba também foi procurada, mas não conseguiu fazer com que o parlamentar falasse até o encerramento desta reportagem. Sobre o caso Frangonorte, Jucá explicou que não tem nada a ver com a indicação de sete fazendas inexistentes como garantia a empréstimos do Basa. Isso teria sido de responsabilidade dos sócios que o sucederam na empresa: Luiz Carlos Fernandes de Oliveira. E, segundo Jucá, o Basa aceitou essas garantias, supostamente irregulares. O ministro ainda disse que está brigando com o Basa no Judiciário desde 2003 para que seja determinada sua exclusão da condição de avalista das operações financeiras da Frangonorte. Isso, segundo Jucá, não tem mais sentido desde que vendeu sua participação em 1996.