Título: PT comemora 25 anos em sessão vazia da Câmara
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Política, p. A8

Ao celebrar ontem os 25 anos de criação do PT numa sessão solene na Câmara, totalmente esvaziada, o presidente nacional do partido, José Genoino, destacou que o ponto central da aprendizagem dos petistas foi entender que a mudança não se faz no grito, pois é fruto de um processo. Superadas as dificuldades de início de governo, a missão agora, enfatizou ele, é assegurar o desenvolvimento nacional. "O nó é o desenvolvimento", constatou. "O PT aprendeu uma coisa: a mudança é processual", acrescentou. O único ministro petista que compareceu ao evento foi o da Pesca, José Fritsch. "O pessoal está com uma agenda pesada", tentou justificar o presidente do PT, em conversa com jornalistas. Pelo regimento, só quem tem mandato pode discursar em sessão solene. O plenário estava vazio, com poucos militantes, que seguravam bandeiras brancas sem muito entusiasmo. Na visão do presidente do PT, o partido tem cinco prioridades: consolidar o momento econômico positivo; gerenciar de forma eficaz os programas sociais; viabilizar investimentos em infra-estrutura; garantir a aprovação das reformas sindical e política; e coibir a violência. A reeleição de Lula não é assunto para ser tratado agora, enfatizou ele, porque embolaria o debate desta agenda. Questionado se esse projeto gradual de desenvolvimento não depende da reeleição de Lula, Genoino diz: "Enquanto construímos essa agenda e conseguimos recoesionar a base aliada, a aliança (para a reeleição) vem naturalmente". O PT quer o PMDB ao lado de Lula em 2006, admite Genoino, mas para isso é preciso "discrição, noção de tempo e de etapa". "A aliança vai ser conseqüência da agenda de governo, de entendimento e coesão política", completou. E lançou ainda uma advertência aos petistas: "No PT só se discute internamente eleição depois de setembro". O presidente do PT reconheceu que cada partido político tem uma marca histórica. Cabe ao PT, enfatizou, resolver o problema do desenvolvimento do país. "O PMDB foi fundamental para a redemocratização; o PSDB, independente de prejuízos com a privatização e aumento da dívida pública, combateu a inflação. Nossa missão é o desenvolvimento, transformar o crescimento econômico em desenvolvimento, melhorar a renda e a infra-estrutura do país". Para o petista, o governo federal tem dado passos neste sentido. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ressaltou na tribuna que o governo é muito mais amplo que as idéias e teses do PT. O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), saudou os petistas: "Só nos resta torcer para que o PT reafirme a concepção de democracia como valor universal, sem tergiversar sobre o objetivo de construir uma sociedade mais justa".