Título: Petrobras quer melhorar nota de risco
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Finanças, p. C1

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem que a empresa busca alcançar, ainda em 2005, a categoria de "investment grade" (investimento menos arriscado) das agências de avaliação de risco de crédito. Atualmente a um degrau de atingir esse patamar pela classificação da Moody's, a estatal conseguirá reduzir em cerca de dois pontos percentuais os juros pagos nas suas captações, se subir de posição na lista da agência, estimou Dutra, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A última captação da Petrobras ocorreu em dezembro do ano passado e foi de US$ 750 milhões, com prazo de 15 anos e pagando juros de 7,25% ao ano, segundo o diretor financeiro José Sérgio Gabrielli. Em março de 2003, a estatal havia ido ao mercado para captar também US$ 750 milhões, mas pagou mais caro. Na ocasião, teve de oferecer 11,25% ao ano, com vencimento em 2008. "Temos três objetivos: baixar o custo das operações, estender a duração e diversificar as fontes de financiamento", disse. Dutra avaliou que o esforço da Petrobras para chegar ao "investment grade" depende da evolução da economia brasileira. Pela mesma Moody's, a estatal está três degraus acima do risco soberano do Brasil. A ascensão para o "investment grade", classificação que indica aos investidores risco muito baixo de moratória, abriria um mercado global de US$ 7 trilhões em recursos financeiros para a empresa. Essa oferta de recursos tende, por si só, a baixar o custo das captações. O presidente da Petrobras não deu pistas sobre eventuais reajustes nos preços da gasolina e do diesel, em função da alta do petróleo nos mercados internacionais. "A nossa política não estabelece repassar para o consumidor a volatilidade no curto prazo", afirmou Dutra. Segundo ele, os cálculos feitos por analistas que apontam defasagem nos preços praticados pela estatal estão apenas parcialmente corretos. As projeções deixam de levar em conta o petróleo importado de origem diferente do Golfo do México, lembrou o presidente. Dutra garantiu que o país atingirá a auto-suficiência na produção de petróleo em 2006. Na segunda-feira, a empresa bateu novo recorde de produção, chegando a 1,666 milhão de barris. O recorde anterior havia sido alcançado em 30 de março, com 1,650 milhão de barris. A estimativa da Petrobras é que o consumo interno fique entre 1,850 milhão e 1,9 milhão de barris/dia no fim deste ano. Em 2004, a produção caiu 3,1% sobre o ano anterior, mas a entrada em operação de novas plataformas possibilitou o avanço mais recente. Em relação à lei de hidrocarbonetos, em tramitação no congresso boliviano, que aumenta a taxação sobre empresas estrangeiras que exploram gás no país, Dutra foi cauteloso, mas não escondeu a sua preocupação. Disse que espera alterações do projeto no Senado, onde ele está atualmente. "Como saiu da câmara, é preocupante porque pode inviabilizar os investimentos", disse.