Título: Petrobras vai negociar novo plano para Petros
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, Finanças, p. C2

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, confirmou ontem, perante o Senado, que a empresa está disposta a cobrir mais de 50% do déficit atuarial da fundação de previdência complementar de seus empregados, a Petros, calculado em R$ 5,2 bilhões, na hipótese de haver migração para um novo plano. Em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele defendeu que, além de definitiva, a solução para o déficit tem necessariamente de ser negociada com os trabalhadores. Para Dutra, o mais cômodo para atual gestão da Petrobras seria dividir a conta com os empregados. Isso, porém, não seria uma solução definitiva, porque o plano antigo "tem um problema estrutural". Novos déficits surgiriam, obrigando novamente a Petrobras a bancar metade da conta, como manda a lei. "Metade de muito dinheiro também é muito dinheiro", afirmou. Embora mais cara num primeiro momento, a migração negociada para um novo plano, com outras características, acabaria saindo mais barata, por prevenir novos déficits, explicou. Em 2001, a gestão anterior da Petros chegou a criar um novo plano. Mas como a solução não foi negociada, foi barrada na Justiça. Assim que estiver pronto, o desenho do novo plano e do encerramento do antigo terá de ser aprovado pelo conselho de administração da Petrobras. O esforço é para que a solução saia ainda este ano, informou Dutra. Ele criticou a gestão da Petros no governo anterior por não ter atualizado as tábuas de mortalidade usadas para calcular os recursos necessário para as aposentadorias. Embora o número de mortes de aposentados por ano já estivesse na casa dos 400 em 2001, o parâmetro adotado foi de 650 mortes anuais. Igualmente equivocado, segundo Dutra, foi o parâmetro de inflação utilizado, de 11% ao ano. Dutra explicou que a correção dos parâmetros na atual gestão não causou o rombo, apenas mostrou "a vida como ela é ", ao revelar uma situação que já existia e que era mascarada por parâmetros inadequados. Só a adoção de uma tábua de mortalidade realista, disse Dutra, respondeu pela elevação de R$ 2,1 bilhão no déficit, erroneamente calculado em R$ 827 milhões ao fim de 2002.