Título: Setor capta R$ 18 bi no 1º trimestre e atinge R$ 630,9 bi de patrimônio
Autor: Angelo Pavini e Daniele Camba
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2005, EU &, p. D1

Para surpresa daqueles que no fim do ano passado projetavam uma saída de recursos em massa dos fundos de investimentos depois da enxurrada de mudanças - como a conta-investimento, as novas tributação e regulamentação -, o segmento teve um início de ano invejável. Segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), no primeiro trimestre, os fundos apresentaram captação líquida (aplicações menos resgates) de R$ 18 bilhões, um crescimento de 3,05% frente ao trimestre anterior. Só em março, a entrada de recursos somou R$ 8,9 bilhões, um aumento real de 1,48% em relação ao mês anterior. O segmento fechou os três primeiros meses do ano com patrimônio de R$ 630,9 bilhões. "Os números mostram que o investidor entendeu as mudanças e respondeu bem a todas elas", diz o diretor da Anbid, Charles Ferraz. Com a série de mudanças que ocorreu no setor a partir do segundo semestre do ano passado, se esperava uma debandada de recursos principalmente para os CDBs. Primeiro veio a conta-investimento, que isentou as mudanças de uma aplicação financeira para outra do pagamento de CPMF. Em seguida, a nova regra de fundos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - a Instrução 409 -, a primeira depois que a autarquia passou a fiscalizar tanto os fundos de renda variável quanto os de renda fixa. Por fim, houve a mudança de tributação, com o imposto de renda decrescente de acordo com o prazo de aplicação do investidor e do perfil de ativos presentes nas carteiras. "Os fundos estão se consolidando como a opção de investimento para o brasileiro", diz Ferraz. Sem contar que a performance positiva dos fundos tirou a impressão de que eles seriam prejudicados com as mudanças. Os fundos de renda fixa são o grande destaque de captação. No mês passado captaram R$ 5,209 bilhões e no ano R$ 20,604 bilhões, disparado, a melhor captação entre as principais categorias de fundos. Os investidores querem aproveitar o retorno oferecido pela alta taxa de juros, mas também já fincar um pé nos papéis prefixados para garantir ganhos quando a Selic começar a cair. Quando os juros caírem, haverá uma migração de recursos para outras categorias de fundos, como os fundos de ações, acredita Ferraz. Ainda na linha dos juros altos, os fundos DI captaram R$ 3,656 bilhões em março e R$ 8,575 bilhões no trimestre. Já os multimercados perderam R$ 190,65 milhões em março e R$ 16,676 bilhões no acumulado no ano. Dois fatores influenciaram nos resgates, segundo a diretora da Anbid, Luciane Ribeiro. Primeiro, houve a volatilidade dos mercados no início do ano que prejudicou a rentabilidade dos multimercados. Uma parte dos fundos também aproveitou a nova regra da CVM e migrou para a categoria de renda fixa.