Título: Março foi o melhor mês da história da indústria automobilística no país
Autor: Marli Olmos e Sérgio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2005, Brasil, p. A11

Sustentada numa exportação recorde, a indústria automobilística atingiu em março a maior produção mensal da história e o acumulado no ano lhe rendeu o melhor primeiro trimestre. Os dirigentes do setor já falam em elevar a meta de exportações do ano se em abril o ritmo de vendas externas continuar tão favorável como em março. Mesmo numa maré tão boa, o setor ainda reclama. Os dirigentes dizem que o crescimento sustentado só acontecerá se o mercado interno reagir à altura das exportações. A produção de 218,5 mil veículos em março superou a meta anterior, de 211 mil unidades, em outubro de 1997, época em que os dirigentes das montadoras costumam relembrar com saudades e que também serviu de chamariz para a enxurrada de investimentos em novas fábricas nos últimos sete anos. No acumulado dos três primeiros meses do ano, a produção de veículos totalizou 565, 3 mil unidades, um crescimento de 12,5% ante o mesmo período do ano passado. Desse total, 171,7 mil unidades seguiram para outros países. Mas é na receita que a força das exportações da indústria automobilística mais aparece. Como o setor vende a outros países não apenas veículos montados, mas também kits de peças, o volume das exportações das montadoras alcançou US$ 936,436 milhões somente em março, num avanço de 30,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No trimestre, o total de divisas alcançou US$ 2,3 bilhões, o que leva a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a sinalizar com a possibilidade de aumentar a previsão de exportar neste ano o equivalente a US$ 8,9 bilhões. "O aquecimento da economia mundial, além dos acordos de intercâmbio já firmados, mantém o ritmo das exportações elevado, a despeito da desvantagem cambial", afirma o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb. "Mas a longo prazo o cenário é preocupante, em razão da alta do real e do aumento de custos de matérias-primas, como aço e petróleo", afirma Golfarb. Na expectativa de que o governo atenda a reivindicação do setor para o lançamento de medidas de estímulo à venda de veículos no mercado doméstico, a direção da Anfavea sustenta que o aumento de de 4,8% no trimestre, com venda de 370,9 mil unidades no país, é insuficiente para sustentar o ritmo de crescimento dos últimos meses. Segundo números da Tendências Consultoria Integrada, a produção de veículos cresceu 1% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. Para o economista Adriano Pitoli, da Tendências, o número confirma desaceleração do ritmo de crescimento. No terceiro trimestre do ano passado, a produção havia se expandido a uma taxa de 11,2% em termos dessazonalizados, ritmo que desacelerou para 0,5% no quarto.