Título: Cresce investimento no exterior de múltis de países em desenvolvimento
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2005, Internacional, p. A15

O investimento de empresas multinacionais de países em desenvolvimento disparou no ano passado, atingindo US$ 40 bilhões, mais que o dobro dos US$ 16 bilhões investidos em 2002. O Brasil fez investimentos totais de US$ 9,5 bilhões no exterior (dos quais US$ 5 bilhões correspondem à operação de fusão da Ambev com a Interbrew). "A crescente competição nos mercados domésticos está fazendo empresas de países em desenvolvimento expandir suas operações no exterior", afirma o relatório do Banco Mundial. Em 2004 os países em desenvolvimento receberam volume recorde de recursos, cerca de US$ 324 bilhões. Em 1991, os investimentos diretos no exterior de empresas de países em desenvolvimento representavam somente 0,1% do PIB mundial (US$ 3 bilhões). Em 2002, o dado chegou a 0,3% e, em apenas dois anos, dobrou novamente, para 0,6% do PIB. Brasil, China, Índia, México e Rússia são os países cujas empresas mais investem no exterior, e que ao mesmo tempo atraem a maior parcela de investimento direto de multinacionais de países desenvolvidos. Os investimentos feitos pelos países em desenvolvimento representam 12% do fluxo total de capitais para a região e 24% do total de investimento direto global. Mas não necessariamente os países que mais recebem investimento são os que mais investem. A China recebeu mais 30% do investimento externo em 2004, mas investiu menos de 10% do total. "O relaxamento de controles de câmbio para investimentos no exterior também permitiu que as empresas procurassem oportunidades de investimento globais de maneira mais agressiva", diz o relatório. O Brasil representou cerca de 25% do total de investimentos diretos, ou US$ 9,5 bilhões. Os números, porém, incluem a operação de US$ 5 bilhões da fusão por troca de ações entre a Ambev e Interbrew, que foi registrada nas duas pontas do balanço de pagamentos (entrada e saída de recursos). Os restantes US$ 4,5 bilhões representaram outras operações de aquisição por empresas brasileiras no exterior. Os investimentos diretos destas "novas multinacionais" ocorrem tanto em países desenvolvidos quanto em outros em desenvolvimento. O Bird afirma no relatório Global Development Finance 2005 que acredita que os números reais sejam maiores do que a estimativa, devido a falhas na coleta de dados. O fluxo de recursos líquido para os países em desenvolvimento (incluindo dinheiro de investidores privados e instituições multilaterais) bateu recorde em 2004, atingindo US$ 324 bilhões e superando por US$ 1 bilhão o total de 1997. O crescimento foi de 62% em relação aos US$ 200 bilhões investidos em 2002. Embora o crescimento em termos nominais seja expressivo, em percentual do PIB a entrada de recursos externos representa 4,5%, ainda abaixo de níveis de até 6% atingidos durante a década de 90. O investimento direto representou mais da metade do total de recursos, US$ 165 bilhões, 9 pontos percentuais acima do ano anterior. (TB)