Título: BB vai avaliar impacto social e ambiental de empréstimos
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Fonte: Valor Econômico, 07/04/2005, Finanças, p. C2

O Banco do Brasil anunciou ontem a sua adesão aos chamados Princípios do Equador, conjunto de recomendações socioambientais que devem nortear operações de crédito para empreendimentos com valor superior a US$ 50 milhões. Na prática, significa que, ao conceder empréstimos de grande valor, o BB passará a checar não apenas se o empreendimento tem retorno econômico-financeiro, mas também se foram levados em consideração possíveis custos ambientais ou sociais. A lista de preocupações inclui a proteção de habitats, populações indígenas, segurança de barragens, propriedade cultural, projetos em hidrovias, saúde e segurança de trabalhadores. Hoje, 13 projetos da carteira do BB têm valores superiores a US$ 50 milhões - sobretudo na área de infraestrutura - e terão que observar os critérios. A expectativa é que o número cresça com o início das Parcerias Público-Privadas (PPPs). O BB anunciou ainda que irá dar um passo além do Princípios do Equador: vai exigir estudos, ainda que simplificados, para um total de 300 projetos de sua carteira com valor superior a R$ 10 milhões. Além disso, irá aplicar cerca de mil grupos econômicos de sua carteira de clientes, com faturamento anual superior a R$ 100 milhões, a um verificação sobre práticas e políticas na área socioambiental. O vice-presidente de crédito e gestão de riscos do BB, Adézio de Almeida Lima, disse que, ao analisar esses aspectos, o banco está reforçando os controles de riscos de crédito do banco. "São inúmeros os casos na história do próprio BB, principalmente na década de 1970, de projetos que não mediram adequadamente esses riscos, e terminaram por causar prejuízos ao banco." Até hoje, o BB exigia dos clientes apenas o atendimento das normas legais - isto é, se a legislação determinava um relatório de impacto ambiental (Rima), a documentação correspondente devia ser apresentada para que o dinheiro fosse liberado. Certamente, esse conjunto de análises vai representar custos adicionais para as empresas "O gasto vale a pena, se você considerar que, com a ação preventiva, as empresas vão evitar prejuízos mais adiante", disse o vice-presidente de responsabilidade socioambiental do BB, Luiz Oswaldo Sant'Lago Moreira de Souza. Antes do BB, outros quatro bancos brasileiros haviam aderido aos Princípios do Equador: Bradesco, Itaú, Unibanco e ABN AMRO. Esses critérios foram estabelecidos em 2002 por grandes bancos e pelo Internacional Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial. (AR)